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Bolsonaro tenta isolar Macron de mobilização na Amazônia

Objetivo do governo brasileiro é priorizar o apoio de aliados do presidente, como Israel e Estados Unidos, e evitar europeus

26 ago 2019 - 16h20
(atualizado às 16h43)
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BRASÍLIA - O governo brasileiro tenta isolar o presidente da França, Emmanuel Macron, da mobilização internacional para ajudar o Brasil no combate às queimadas na região amazônica. A ideia é evitar que Macron ganhe politicamente com o episódio após trocar acusações com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nos últimos dias. A avaliação do Palácio do Planalto é que o Brasil deve priorizar o apoio de aliados de Bolsonaro, como Israel e Estados Unidos, e evitar a ajuda de países europeus.

Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da França, Emmanuel Macron, vêm trocando farpas desde que a crise de incêndios florestais na Amazônia tomou as manchetes do mundo
Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da França, Emmanuel Macron, vêm trocando farpas desde que a crise de incêndios florestais na Amazônia tomou as manchetes do mundo
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil e François Mori/AP / Estadão Conteúdo

Integrantes do governo consideram que Macron fracassou na reunião de países do G-7, o grupo de nações mais ricas do mundo, ao tentar responsabilizar Bolsonaro pelas queimadas na Amazônia e discutir o tema sem a presença dos principais atores envolvidos. Um dos sinais disso é a declaração final do encontro, que não incluiu a floresta, mostrando que não houve consenso sobre o tema entre os líderes de Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá.

No Twitter, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, disse que "o bom senso e o respeito à soberania brasileira prevaleceram".

"A declaração final dos Chefes de Estado e de Governo reunidos em Biarritz para a 45ª reunião de cúpula do G-7, divulgada há pouco, contém apenas uma página e não faz qualquer menção à Amazônia ou a questões ambientais. O bom senso e o respeito à soberania brasileira prevaleceram", escreveu o assessor.

Segundo uma pessoa próxima a Bolsonaro, o governo quer deixar claro que a questão das queimadas na Amazônia é "sul-americana, diz respeito aos países amazônicos e não deve ser encarada como um tema global".

Em mais uma tentativa de deixar a França fora da mobilização, o Brasil buscará embasar futuras iniciativas no Tratado de Cooperação Amazônico, do qual a Guiana Francesa não faz parte.

Mais cedo, Bolsonaro voltou a questionar o interesse de alguns países por trás do apoio ao Brasil para combater incêndios na região amazônica. Ao comentar o anúncio de ajuda feito por Macron em nome dos países do G-7, neste domingo, 25, o presidente brasileiro questionou os interesses por trás da declaração.

"Será que alguém ajuda alguém, a não ser uma pessoa pobre, sem retorno? O que ele está, de olho na Amazônia?", indagou Bolsonaro em conversa com jornalistas, no Palácio da Alvorada.

O presidente prometeu gravar uma live da reunião que terá com governadores da região amazônica nesta terça-feira, 27, para contar "a verdade sobre o que os outros querem com essa rica região". Ele fez o anúncio ao compartilhar a notícia de que Macron afirmou que espera que os brasileiros "tenham logo um presidente à altura do cargo".

Macron, por sua vez, reagiu ao comentário do presidente Bolsonaro a um seguidor da sua página no Facebook que postou fotos dos chefes de Estado com suas respectivas primeiras-damas, afirmando que o mandatário francês teria inveja de Bolsonaro porque sua esposa é 24 anos mais velha do que ele.

Um interlocutor de Bolsonaro diz que ele tentará mostrar nesta terça que o presidente francês está "descolado da realidade" e "não faz ideia do que é a Amazônia". O presidente brasileiro também deve questionar por que Macron não age da mesma forma em relação a outras regiões do mundo, como Congo, Angola, Sibéria e Ilhas Canárias, que também possuem focos de incêndio.

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Estadão
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