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Como a crise climática atinge os coletores de mel alucinógeno do Nepal

A apis laboriosa, a maior abelha melífera do mundo, constrói suas colmeias em montanhas do Himalaia, a 1.500 metros acima do nível do mar

30 jul 2024 - 05h00
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Produção de mel. Foto ilustrativa
Produção de mel. Foto ilustrativa
Foto: Jez Timms / Unsplash

Os efeitos da crise climática já podem ser sentidos em diferentes partes do mundo, como nas enchentes de maio no Rio Grande do Sul, provocada por eventos extremos, ou com a diminuição de abelhas no Nepal, que coloca em risco a atividade econômica e a tradição de um grupo de coletores.

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A mais de 1.500 metros acima do nível do mar, na cadeia montanhosa mais alta do planeta, vivem as abelhas Apis laboriosa. A espécie é a maior abelha melífera do mundo, e pode medir até 3 centímetros. Ela é conhecida pela produção de mel com propriedades alucinógenas.

Em aldeias de distritos próximos de Lamjung e Kaski, cerca de 185 quilômetros a oeste da capital Katmandu, era possível coletar até 1.000 litros de mel por estação. Em dez anos, o número caiu drasticamente: hoje, os coletores têm sorte se conseguirem 250 litros.

"Quando éramos jovens, havia colmeias em quase todos os penhascos, graças à abundância de flores silvestres e fontes de água. Mas a cada ano é mais difícil encontrar colmeias", explicou Doodh Bahadur Gurung, de 65 anos, para a Reuters.

O declínio das abelhas é provocado por múltiplas causas: incêndios florestais, alteração nos padrões climáticos, desvio de cursos d'água para projetos hidrelétricos, que provocam seca em algumas regiões, e abelhas mortas após voarem para regiões agrícolas infestadas por pesticidas. 

"Longos períodos de seca ou grandes flutuações de temperatura colocam pressão sobre as abelhas para manter a força das colônias e os estoques de mel", disse Surendra Raj Joshi, especialista do Centro Internacional para Desenvolvimento Integrado de Montanhas (ICIMOD), do Nepal.

Com menos abelhas, não há polinização suficiente nas culturas de alta montanha e da flora selvagem.

"Isso também terá implicações na economia rural, uma vez que a caça ao mel é uma tradição que emerge como uma importante atividade de ecoturismo. Além do mel e da cera de abelha, as comunidades perderão receitas provenientes do turismo", conclui.

O coletor Chitra Bahadur Gurung é apenas um das dezenas de coletores de mel que há gerações arriscam a vida em busca do mel nas falésias do Himalaia. Ele destacou que, no ano passado, havia cerca de 35 colmeias. Neste ano, o número não chega a 15.

Com declínio das colmeias, os rendimentos, que são divididos entre os aldeões, estão cada vez menores, desmotivando jovens dispostos a dedicar-se a esta atividade. Isso leva muitos aldeões a deixarem a vida rural em busca de empregos mais bem remunerados nas capitais ou no exterior.

Doodh Bahadur lamenta o desaparecimento das abelhas e a partida dos jovens. "O futuro é incerto para todos".

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Fonte: Redação Terra
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