COP28 começa com mundo em retrocesso sobre mudança climática
Meloni e Lula irão; já Papa, Biden e Xi estarão ausentes
Por Stefania De Francesco - Nesta quinta-feira (30), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, terá início a Conferência Anual da ONU sobre o Clima, em sua 28ª edição, e os 195 países participantes serão chamados a declarar quais avanços alcançaram em relação aos objetivos estabelecidos em 2015 pelo Acordo de Paris.
De acordo com estudos científicos publicados até o momento, o Global Stocktake (Balanço Global, que monitora a implementação do Acordo de Paris) deve ser negativo.
O mundo está, de fato, atrasado no compromisso de reduzir os combustíveis fósseis, aumentar as fontes renováveis e a eficiência energética para conter o aumento da temperatura global até 1,5 graus no final do século em comparação com o período pré-industrial (1750-1850).
O apelo para fazer muito mais, para dobrar ou triplicar os esforços, veio forte e claro não apenas da ciência, mas também de numerosas organizações e instituições.
Há alguns dias, o Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, em vista da COP, disse que "os líderes devem interromper o ciclo mortal do aquecimento global", porque "sem mudar de curso, estamos indo em direção a um aumento catastrófico de três graus Celsius até o final do século".
Isso significa uma série de consequências desastrosas para o planeta, com eventos meteorológicos extremos, como já está acontecendo em muitas partes do mundo.
Para garantir o sucesso da COP28, programada até 12 de dezembro com 70 mil participantes, os enviados especiais para o clima dos EUA, John Kerry, e da China, Xie Zhenhua, podem desempenhar um papel decisivo.
Ausentes os respectivos presidentes Biden e Xi, eles são os protagonistas, principalmente porque, juntos, China e Estados Unidos são os maiores produtores de gases de efeito estufa (somando 40%).
Sem a ação dessas duas superpotências, Kerry afirmou que "não venceremos essa batalha", garantindo que decidiu, juntamente com seu homólogo chinês, trabalhar "pelo sucesso" da COP.
O Papa, que teve que desistir por motivos de saúde, também estará ausente e será representado pelo Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin, cuja intervenção para a Santa Sé será em 2 de dezembro sobre mitigação (ou seja, tornar menos graves os impactos das mudanças climáticas, prevenindo ou reduzindo as emissões de gases de efeito estufa).
Outros temas-chave da COP incluirão o fundo "Loss & damage" para compensar as perdas e danos climáticos nos países mais pobres e o fundo de 100 bilhões por ano até 2025 para apoiar as economias em desenvolvimento.
A conferência será aberta com foco em aspectos organizacionais e procedimentais pelo presidente Sultan Ahmed Al Jaber, ministro da Indústria dos Emirados Árabes Unidos e enviado especial para as mudanças climáticas, que esteve envolvido em polêmicas, tanto por ser CEO da empresa estatal de petróleo Adnoc, quanto por supostos negócios com delegações governamentais estrangeiras relacionados a hidrocarbonetos, que ele negou.
Al Jaber também lidera a Masdar, uma empresa de energia renovável dos Emirados Árabes Unidos.
Também houve polêmicas em relação ao país anfitrião, que é um produtor de petróleo.
Nos dias 1º e 2 de dezembro, haverá uma abertura de "alto nível" com discursos dos chefes de Estado e de Governo (três minutos cada), com 150 previstos (o maior número até agora).
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni (com a presença, entre outros, do enviado especial para o clima, Francesco Corvaro, e do ministro do Meio Ambiente e Segurança Energética, Gilberto Pichetto, e com a participação do CEO da Eni, Claudio Descalzi) falará no dia 1º de dezembro - uma jornada centrada na adaptação (medidas para prevenir ou minimizar os danos), um tema considerado de grande importância para os países em desenvolvimento e a África, para os quais a Itália está comprometida com o Plano Mattei e grande parte do fundo italiano para o clima, no valor de 4,2 bilhões de euros.
Na sexta-feira à noite, a primeira-ministra estará presente no concerto da La Scala, com foco em árias italianas principalmente, um evento "querido por Meloni e Bin Zayed" (o presidente dos Emirados Árabes Unidos), como enfatizado por fontes italianas. .