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Cosméticos feitos com produtos da Amazônia, sem cortar árvores

Como uma empresa de cosméticos naturais está ajudando comunidades ribeirinhas a manter a floresta em pé na Amazônia

24 abr 2023 - 15h09
(atualizado às 18h12)
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por Camila Cecílio, O Mundo Que Queremos

Há dez anos, a Ekilibre Amazônia usa em seus produtos ingredientes naturais,

que são comprados de quem vive na floresta amazônica

No ano de 2009, insatisfeito com a vida que levava como advogado em São Paulo, Kairós Kanavarro decidiu que passaria um tempo viajando pela América do Sul. O que era pra ser uma experiência de poucos meses acabou se transformando em três anos de muito aprendizado. A partir do contato com diversas comunidades tradicionais dos países latinos, ele percebeu que tinha habilidade especial com plantas medicinais. 

Foto: Climatempo

A Ekilibre usa ingredientes naturais comprados de quem vive na floresta amazônica

O conhecimento, adquirido durante a convivência com com povos originários, mudou a vida de Kairós. Ao voltar para o Brasil, ele se estabeleceu em Alter do Chão, no Pará, e passou a produzir cosméticos à base de plantas. 

Esse foi o começo da Ekilibre Amazônia, empresa que produz sabonetes, cremes para o rosto e corpo, desodorantes, e outros produtos, a partir de ingredientes naturais, comprados de quem vive na floresta amazônica. Com mais de dez anos no mercado, a marca impacta não só a vida de quem consome seus produtos de alta performance, mas também a de quem vive na região. 

"Quando nós chegamos aqui, algumas comunidades vendiam árvores para madeireiras e pararam de fazer isso porque perceberam que podiam vender os frutos que essas árvores dão, gerando renda para toda família. Então, o trabalho da Ekilibre ao mesmo tempo conserva e estimula, de forma direta, a plantação de espécies nativas da Amazônia pelas comunidades ribeirinhas", conta o fundador da Ekilibre Amazônia. 

Exemplo disso é a andiroba, cujo óleo vem diretamente da Floresta Nacional do Tapajós, uma importante reserva extrativista localizada às margens do Rio Tapajós. Cerca de 30 famílias são beneficiadas pelo trabalho da Ekilibre, um impacto direto em aproximadamente 130 pessoas.

"O mundo está olhando para a Amazônia, mas pouca gente está de fato com o pé na Amazônia. Por isso, entendemos que a Ekilibre não precisa buscar uma causa, ela faz parte da causa", afirma Kairós.

Para Kairós, a solução para a Amazônia é gerar mais oportunidades de trabalho que sustentem a floresta em pé.

"A preservação da floresta começa com as pessoas. Se elas não têm renda, ficam suscetíveis a situações difíceis. As pessoas que vivem na floresta são as pessoas que preservem e elas precisam de oportunidades para trabalhar", completa. 

A empresa, que conta com 10 funcionários diretos e cinco indiretos, recebeu este ano um aporte de entrada de R$ 200 mil da AMAZ, aceleradora e investidora de negócios de impacto no Norte do Brasil. O investimento possibilitará à Ekilibre abrir sua segunda loja física no Pará, impulsionar as vendas digitais e lançar novos produtos. 

Kairós acrescenta que a aceleração simboliza o reconhecimento de toda a trajetória da empresa até aqui.

"Além do reconhecimento, é também um estímulo para enxergarmos a bioeconomia como um segmento que vai continuar crescendo mais e mais, especialmente na Amazônia". 

Além da Ekilibre, a AMAZ selecionou outros quatro negócios para receber investimento e serem acelerados em 2023: Cumbaru, Simbiótica Finance, Manawara e Mazô Maná.

Foto: Climatempo
Climatempo
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