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Desmatamento: causas, consequências e impacto no meio ambiente

Entenda os efeitos do desmatamento no Brasil e no mundo e confira como combater um dos maiores problemas ambientais da atualidade

5 jun 2023 - 10h16
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A expansão urbana, atividades de mineração e a crescente expansão do agronegócio são apontados como fatores que impulsionam a remoção da cobertura vegetal
A expansão urbana, atividades de mineração e a crescente expansão do agronegócio são apontados como fatores que impulsionam a remoção da cobertura vegetal
Foto: REUTERS/Bruno Kelly

Em meio à complexa teia de questões ambientais que assolam o planeta, o desmatamento emerge como um dos desafios mais prementes. A retirada da cobertura vegetal, também conhecida como desflorestamento, apresenta múltiplas facetas e desperta debates entre especialistas e a sociedade em geral.

A expansão urbana, atividades de mineração e a crescente expansão do agronegócio são apontados como fatores que impulsionam a remoção da cobertura vegetal. Mas, essa remoção causa impactos. 

Os impactos são vastos e vão além da perda de biodiversidade e habitats naturais. O desmatamento contribui para a liberação de grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, intensificando o aquecimento global e as mudanças climáticas. Além disso, a redução das áreas florestais compromete a qualidade e a disponibilidade de recursos hídricos, aumenta a erosão do solo e amplia o risco de desastres naturais.

Causas do desmatamento

A questão do desmatamento começou a se agravar com a revolução industrial, um período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e que se espalhou pelo mundo, causando grandes transformações. O aumento da produção e do consumo fizeram com que diversas florestas temperadas e tropicais fossem devastadas, a fim de atender as novas demandas.

Com o passar do tempo, florestas foram derrubadas por outros fatores como: extrativismo animal, vegetal ou mineral; com a necessidade de explorar matéria-prima para atividades de todos os setores da economia e urbanização referente ao aumento das cidades.

As florestas também sofrem com atividades ilegais que envolvem queimadas propositais e até mesmo exploração de áreas de conservação para fins pessoais, como especulação fundiária.

Atualmente, o agronegócio é considerado um dos principais motivadores do desmatamento. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), só na América Latina, a expansão da agricultura e da pecuária comercial é responsável por aproximadamente 70% do desmatamento. 

Quais são as consequências do desmatamento?

Atividades nocivas ao meio-ambiente podem apresentar um risco ao equilíbrio biológico de todo o planeta. As consequências vão de danos locais, como o comprometimento da biodiversidade de um ecossistema, eliminação do habitat de animais e extinção de espécies da flora exclusivos de lugares específicos do planeta. Essas consequências podem, inclusive, prejudicar as atividades primárias, das quais dependem muitas famílias, e também a economia, como a caça, a agricultura e a pecuária.

O desmatamento pode provocar alterações no solo e afetar os recursos hídricos, uma vez que a vegetação ajuda a “filtrar” a água da chuva, evitando que a água leve a terra para lagos e rios. 

A retirada de cobertura vegetal também pode afetar o clima em escala global, com o aumento das emissões de gases poluentes à atmosfera, que agrava o efeito estufa e o aquecimento global. 

Qual o impacto do desmatamento para o meio ambiente?

Desmatamento no Brasil

As florestas brasileiras são o único lar de várias espécies, tanto de animais como vegetais, que podem desaparecer com o avanço do desmatamento. O último estudo divulgado pela Global Forest Watch mostra que o Brasil lidera o ranking mundial de desmatamento florestal. Segundo a organização, o país perdeu cerca de 1,5 milhão de hectares de bioma nativo em 2021.

Segundo dados da plataforma Terra Brasilis, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia Legal registrou recorde de alertas de desmatamento no início de 2022: foram 941,34 km² no primeiro trimestre do ano, o maior índice desde 2016.

O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, divulgado pela MapBiomas em 2022, mostra que a Amazônia, o Cerrado e a Caatinga são os biomas com maiores perdas no país.

Em 2020, por exemplo, foram desmatados 11.088 km² na Amazônia, representando um aumento de 9,5% em relação a 2019. Esse número é o maior registrado desde 2008. A destruição da floresta amazônica ocorre principalmente devido a atividades ilegais, como a exploração madeireira, a grilagem de terras e a expansão da agropecuária, incluindo o avanço da fronteira agrícola.

Florestas essenciais para povos originários: Além de obterem alimentos diretamente, eles dependem de fibras, resinas, frutos e produtos medicinais fornecidos pelas florestas.

O Cerrado, o segundo bioma mais desmatado do Brasil, perdeu cerca de 157.000 km² de vegetação nativa entre 2000 e 2018, de acordo com o MapBiomas. Em 2020, o desmatamento do Cerrado aumentou em 13%, atingindo uma área de 7.340 km², segundo dados do Deter/INPE. A preservação desse bioma é crucial para a sustentabilidade dessas comunidades e para a conservação da biodiversidade.

Desmatamento no mundo

Nossos vizinhos enfrentam sérios desafios em relação ao desmatamento. Na Bolívia, estima-se que tenham sido perdidos cerca de 300 mil hectares de florestas tropicais, tornando-o o quarto país com maior desmatamento no mundo. Entre 2002 e 2020, a Bolívia perdeu 3,02 milhões de hectares de floresta primária úmida, o equivalente a 51% da perda total de cobertura florestal nesse período, de acordo com dados da ONG Global Forest Watch.

No Peru, a situação também é preocupante. Entre 2002 e 2020, foram perdidos 2,16 milhões de hectares de floresta primária úmida, resultando em uma redução de 3,1% na área total de floresta primária úmida. Além disso, o país perdeu 3,39 milhões de hectares de cobertura florestal, o que representa uma redução de 4,3% em relação à cobertura existente em 2000. Essa perda significativa também resultou na emissão de aproximadamente 2,17 bilhões de toneladas de CO2.

Outras regiões que enfrentam altas taxas de desmatamento são a Indonésia, na Ásia, e a região do Congo, na África. De acordo com a Global Forest Watch, a Indonésia perdeu cerca de 9,75 milhões de hectares de floresta primária entre 2002 e 2020, principalmente devido ao desmatamento para plantio de palma oleaginosa. Estima-se que até 80% dos incêndios florestais na região tenham sido iniciados com esse propósito, conforme indicado por dados oficiais.

Esses números alarmantes destacam a urgência de ações efetivas para combater o desmatamento e promover a conservação das florestas nessas regiões. É fundamental que governos, organizações e sociedade civil se unam em esforços conjuntos para preservar esses importantes ecossistemas e reduzir os impactos ambientais negativos causados pelo desmatamento.

Soluções para o desmatamento

Seria muito fácil falar que para acabar com o desmatamento é só parar de desmatar, mas não é tão simples assim. Muitos países ainda priorizam os ganhos econômicos a preservação do meio ambiente. 

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) não há necessidade de expandir as áreas voltadas à produção agrícola, mas sim a de intensificar a produção, de modo que as leis ambientais sejam asseguradas.

Algumas políticas precisam ser emplacadas para frear o desmatamento como: políticas de fiscalização e controle efetivas; cobrança do imposto rural, a fim de evitar a especulação fundiária; fechamento do mercado para carne de procedência ilegal, ou seja, provinda de áreas devastadas; subsidiar crédito apenas para quem cumpre as leis ambientais, ou seja, quem desmatar não tem direito ao crédito para produzir e reflorestar.

Fonte: Redação Terra
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