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Estudo mostra que elefantes podem chamar uns aos outros por nomes

Pesquisadores analisaram as vocalizações do animal

10 jun 2024 - 19h39
(atualizado às 22h57)
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Estudo analisou comportamento dos elefantes
Estudo analisou comportamento dos elefantes
Foto: Anadolu

Ao longo dos anos, pesquisadores que estudam elefantes notaram um fenômeno intrigante. Algumas vezes, quando um elefante vocaliza algo para um grupo de outros elefantes, todos respondem. Mas, às vezes, quando aquele mesmo elefante faz um chamado similar ao grupo, apenas um deles responde.  

Será que os elefantes dirigem-se uns aos outros com o equivalente a um nome? Um novo estudo com elefantes selvagens da savana africana no Quênia oferece apoio a essa ideia. 

Pesquisadores analisaram as vocalizações -- em sua maioria ruídos gerados pelos elefantes com suas cordas vocais, semelhante à maneira como pessoas falam -- de mais de 100 elefantes no Parque Nacional Amboseli e na Reserva Nacional Samburu. 

Usando um modelo de aprendizado de máquina, os pesquisadores detectaram o que pareceu ser um componente parecido com um nome nesses chamados, identificando um elefante específico como o destinatário pretendido. Os pesquisadores, então, tocaram o áudio para 17 elefantes para testar como eles responderiam a um chamado aparentemente direcionado a eles e a um chamado aparentemente endereçado a algum outro elefante. 

Em média, elefantes responderam com mais intensidade aos chamados aparentemente endereçados a eles. Quando os ouviam, a tendência era que se comportassem mais entusiasticamente, andando na direção da fonte do áudio e fazendo mais vocalizações do que quando ouviam um aparentemente destinado a outro animal. 

As conclusões do estudo indicam que os elefantes dirigem-se uns aos outros com algo semelhante a um nome", explicou o ecologista comportamental Mickey Pardo, da Universidade Cornell, e antes da Universidade Estadual do Colorado, principal autor do estudo publicado nesta segunda-feira na revista Nature Ecology & Evolution.

"Certamente, para se dirigir um ao outro dessa maneira, os elefantes precisam aprender a associar certos sons com certos indivíduos e, então, usar esses sons para atrair a atenção do indivíduo em questão, o que exige uma habilidade de aprendizado sofisticado e compreensão de relações sociais", disse Pardo. 

"O fato de que os elefantes dirigem-se uns aos outros como indivíduos destaca a importância de relações sociais -- e especificamente, da manutenção de diversos laços sociais diferentes -- para esses animais", acrescentou. 

Maiores animais terrestres do planeta, os elefantes são altamente inteligentes e conhecidos por sua uma forte memória, habilidade para resolver problemas e comunicação sofisticada. Pesquisas anteriores mostraram que eles se envolvem em comportamentos complexos -- gestos visuais, acústicos e táteis -- ao se cumprimentarem. 

Usar rótulos vocais específicos a indivíduos -- nomes -- é raro, mas não sem precedentes no reino animal. Foi demonstrado que golfinhos e papagaios também fazem isso. Mas, quando o fazem, estão apenas imitando vocalizações feitas por outros animais. Nos elefantes, os rótulos vocais não são uma simples imitação de sons executados pelo destinatário. 

"Em vez disso, os nomes parecem ser arbitrários, como nomes humanos", disse Pardo. "Dirigir-se a indivíduos com nomes arbitrários provavelmente exige capacidade para algum nível de pensamento abstrato." 

"Eu acho que esse trabalho destaca o quão inteligentes e interessantes os elefantes são e espero que isso gere mais interesse em sua conservação e proteção", acrescentou o biólogo de conservação da Universidade Estadual do Colorado e co-autor do estudo, George Wittemyer, presidente do comitê científico do grupo de conservação Salve os Elefantes. 

Será que um dia as pessoas conseguirão "conversar" com elefantes?

"Isso seria fantástico, mas estamos muito longe disso", disse Wittemeyer.

"Ainda não sabemos qual a sintaxe ou elementos básicos pelos quais a vocalização dos elefantes codifica informações. Precisamos descobrir isso antes de conseguirmos fazer progressos mais profundos para entendê-los."

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