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'Fogo subterrâneo': conheça fenômeno que tem atrapalhado o combate ao incêndio no Pantanal

Apenas no primeiro semestre deste ano, uma área equivalente a 680 mil campos de futebol já foi consumida pelo fogo

17 jul 2024 - 05h00
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Bombeiros voluntários, membros da Brigada do Alto Pantanal andam por área queimada enquanto trabalham para extinguir o fogo no Pantanal, em Corumbá (MS). (14/06/2024)
Bombeiros voluntários, membros da Brigada do Alto Pantanal andam por área queimada enquanto trabalham para extinguir o fogo no Pantanal, em Corumbá (MS). (14/06/2024)
Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

O Pantanal está enfrentando uma grave situação de incêndios. Apenas no primeiro semestre deste ano, uma área equivalente a 680 mil campos de futebol já foi consumida pelo fogo, que, segundo o SOS Pantanal, deve piorar até o final do ano. Até então, algo em particular tem atrapalhado o combate às chamas: o "fogo subterrâneo". 

O fenômeno é resultado de processo natural do próprio bioma. Segundo explicou Gustavo Figueirôa, biólogo e diretor de comunicação da ONG, o "fogo subterrâneo" ocorre devido ao acúmulo de matéria orgânica altamente inflamável, a turfa.

"Durante os períodos de secas e cheias nas estações da região, vão se criando camadas de matéria orgânica no solo. Imagina toda essa matéria acumulada ao longo de vários anos, é o ambiente propício para focos de incêndios. E uma característica do Pantanal que dificulta o combate aos incêndios, é o fogo de turfa ou 'fogo subterrâneo', que queima sem que as pessoas percebam, nas camadas mais profundas de toda essa matéria orgânica", disse ele, em entrevista ao Ministério Público do Mato Grosso.

De acordo com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), esse tipo de incêndio ocorre na camada superficial da floresta, até cerca de 15 centímetros acima do solo mineral, afetando o material orgânico em decomposição. Devido à baixa disponibilidade de oxigênio, o fogo se desenvolve lentamente, sem chamas e com pouca fumaça. O calor intenso e persistente causa destruição uniforme no solo. 

Segundo especialistas ouvidos pela Deutsche Welle, o fogo subterrâneo pode se transformar em outros tipos de incêndio, quando em contato com diferentes combustíveis. Assim, o fogo sobe à superfície e atinge as copas das árvores.

Outras características do "fogo subterrâneo":

  • Incêndios no subsolo podem se reacender facilmente com a acumulação de folhas secas e resíduos no chão; 
  • A água não consegue extinguir completamente esse tipo de fogo, por não alcançar todas as áreas afetadas;
  • O "fogo subterrâneo" prejudica a microbiologia do solo, queimando as raízes e estimulando a erosão do solo. 

Devido ao fato de o combustível para esses incêndios estar armazenado sob o solo há anos, localizá-los e combatê-los é extremamente difícil. Para tanto, seria necessário retirar toda a camada de solo fumegante para combater o fogo de maneira eficaz.

Queimadas no Pantanal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liberou crédito extraordinário de R$ 137,6 milhões para atenuar os efeitos da seca e combater os incêndios no Pantanal. Assegurado pela Medida Provisória (MP) 1.241/2024, os recursos serão distribuídos entre os ministérios do Meio Ambiente, de Defesa e de Justiça. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União na sexta-feira, 12.

Os recursos deverão custear a contratação de brigadistas, a aquisição de equipamentos de proteção individual, o pagamento de diárias e passagens, e o aluguel de transportes terrestres e aéreos.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima receberá a maior parcela dos recursos, aproximadamente R$ 72,25 milhões. Desse montante:

  • R$ 38,14 milhões irão para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para ações de prevenção e controle de incêndios florestais em áreas federais prioritárias; 
  • R$ 34,1 milhões serão destinados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para proteção e recuperação da biodiversidade e combate ao desmatamento e incêndios.

O Ministério da Defesa deve receber R$ 59,65 milhões para a atuação conjunta ou combinada das Forças Armadas.

  • O Exército utilizará os recursos para adquirir rastreadores, geradores, materiais de combate a incêndio, tratores de esteira e grades aradoras;
  • A Marinha investirá em drones para sensoriamento térmico e no estabelecimento de estações de tratamento de água, entre outros.

O Ministério da Justiça contará com R$ 5,72 milhões. A Polícia Federal aplicará R$ 3,75 milhões em passagens aéreas, abastecimento de viaturas e aeronaves, e também no transporte de geradores, instrumentos de comunicação, helicópteros e aviões.

O Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) receberá R$ 1,97 milhão, que será utilizado para diárias, passagens aéreas, abastecimento e manutenção de viaturas para 80 profissionais em 60 dias de operações no Mato Grosso do Sul.

Fonte: Redação Terra
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