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'Messias das plantas': quem é o homem que já foi até em penhasco para proteger espécies raras

Carlos Magdalena é pesquisador do Jardim Botânico Real de Kew; entre seus feitos, está a descoberta de uma terceira espécie de vitória-régia

2 out 2024 - 05h02
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Carlos Magdalena, 51 anos, pesquisador de horticultura do Jardim Botânico Real de Kew, em Londres, na Inglaterra, é também conhecido como "o messias das plantas".
Carlos Magdalena, 51 anos, pesquisador de horticultura do Jardim Botânico Real de Kew, em Londres, na Inglaterra, é também conhecido como "o messias das plantas".
Foto: Reprodução/Instagram/@carlos.magdalena.kew

Carlos Magdalena, 51 anos, pesquisador de horticultura do Jardim Botânico Real de Kew, em Londres, na Inglaterra, é também conhecido como "o messias das plantas" há 14 anos. O título foi concedido por um jornal espanhol, em 2010, por resgatar várias espécies vegetais à beira da extinção.

A fama do pesquisador aumentou em 2012, quando David Attenborough, decano britânico dos documentários sobre a natureza, também usou em um filme o nome "messias das plantas" em uma cena de Magdalena com o lírio pigmeu.

No início, o apelido o incomodou por parecer pretensioso, mas hoje ele já adotou e até usa como título de um livro.

"Na Espanha, 'messias' é um sinônimo de Jesus Cristo, o que não sou. Mas, para a cultura anglo-saxã, é mais como alguém que tem uma missão e coisas a dizer na luta por uma causa", disse em entrevista ao The New York Times.

Carlos Magdalena, "o messias das plantas"
Carlos Magdalena, "o messias das plantas"
Foto: Reprodução/Instagram/@carlos.magdalena.kew

Durante seus anos de trabalho, Magdalena já caçou plantas de helicóptero e atravessou águas com crocodilos para ver um nenúfar florescer na Austrália. Ele também coletou um espécime na beira de um penhasco nas Ilhas Maurício e já procurou lírios na escuridão em um rio na Colômbia repleto de piranhas.

Outro feito recente do pesquisador foi ajudar na descoberta de uma terceira espécie de vitória-régia. No Jardim Botânico Real de Kew, a responsabilidade principal dele é cuidar das plantas tropicais.

Como tudo começou

Magdalena contou ao The New York Times que um lírio -- espécie de flores pela qual é apaixonado -- foi a primeira planta que cultivou quando tinha 8 anos de idade, ainda na casa de seus pais, na região das Astúrias, no norte da Espanha. O pesquisador é o caçula de cinco irmãos e afirmou que, àquela altura, já tinha lido 12 vezes a enciclopédia de jardinagem da família.

"Eu preferia viver com as formigas", revelou, sobre sua infância.

De acordo com o jornal, a mãe do "messias das plantas" cultivava flores, enquanto o pai tinha a agricultura como hobby. O avô de Magdalena também o levava para passear e apontava o nome das plantas e dos animais, um hábito que ele herdou.

Carlos Magdalena
Carlos Magdalena
Foto: Reprodução/Instagram/@carlos.magdalena.kew

Em 2001, Magdalena se mudou para Londres em busca de trabalho. No início, atuou no setor de hotelaria. Mas, em um dia em 2002, visitou o Jardim de Kew, ficou fascinado e enviou um e-mail à Escola de Horticultura de Kew. O diretor o convidou para uma conversa e o pesquisador, até então sem qualificações profissionais ou acadêmicas na área, conseguiu um estágio não remunerado no local. Quatro meses depois, conquistou um trabalho temporário como assistente de propagação na estufa tropical e se destacou.

A primeira planta que ele salvou da extinção foi o café-marrom, ou Ramosmania rodriguesii. Endêmica da ilha mauriciana de Rodrigues, um café-marrom vivo não era visto desde 1877, até que um exemplar foi encontrado em uma escola há cerca de 45 anos. Um corte da planta foi enviado ao Jardim de Kew e Magdalena, após muito estudo e tentativas de polinização, conseguiu obter sementes da planta.

Vitórias-régias

Magdalena também tem grandes conquistas com os nenúfares gigantes, mais conhecidos como vitórias-régias. No verão, a espécie é exibida em uma estufa especial nos Jardins de Kew. 

Até 2007, seu trabalho incluía cuidar das duas espécies conhecidas, a Victoria amazonica e a Victoria cruziana. Mas, durante suas pesquisas na internet, ele viu uma foto de uma vitória-régia que parecia desconhecida e estava nos lagos amazônicos da região de Beni, no norte da Bolívia.

Ele entrou em contato com o dono da foto e, em uma visita ao país, aproveitou para ir ao lago e ver a vitória-régia pessoalmente. Na ocasião, ele conseguiu a doação de algumas sementes. Em Londres, ele cultivou a planta, prosseguiu com as pesquisas e estava certo de que era uma nova espécie de nenúfar. A comunidade científica concordou e, em 4 de julho de 2022, o Jardim de Kew anunciou a descoberta, que foi batizada de Victoria boliviana Magdalena & L. T. Sm

"Precisamos parar de pensar que as plantas são só o verde de fundo [...] Ainda existem mais de cem mil espécies ameaçadas que estão sentadas no bar tomando sua última cerveja. Não tenho mais nada a fazer. Só isso", afirmou o pesquisador ao jornal dos EUA.

Fonte: Redação Terra
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