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Mourão apresenta meta de redução do desmatamento na Amazônia

Governo quer levar diplomatas para sobrevoo pela floresta para provar que não há queimadas; nº de incêndios já é maior que em 2019

23 out 2020 - 20h46
(atualizado às 20h58)
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BRASÍLIA - Um dia após o presidente Jair Bolsonaro declarar que diplomatas estrangeiros não vão encontrar "nada queimando ou sequer um hectare de selva devastada" na Amazônia, coube ao vice-presidente, Hamilton Mourão, admitir que o governo federal ainda tem muito o que fazer e apresentar, efetivamente, em medidas de proteção ao meio ambiente.

"O governo está agindo. Agora, precisa apresentar melhores resultados. Isso é uma realidade", declarou Mourão, após encontro realizado na tarde desta sexta-feira, 23, no Itamaraty, onde recebeu embaixadores que assinaram, em setembro, a carta da Parceria das Declarações de Amsterdã, formada por Alemanha, Dinamarca, França, Itália, Holanda Noruega e Reino Unido, além da Bélgica, que não faz parte do grupo.

Vice-presidente Hamilton Mourao fala durante entrevista no Itamaraty, em Brasília
15/7/2020 REUTERS/Adriano Machado
Vice-presidente Hamilton Mourao fala durante entrevista no Itamaraty, em Brasília 15/7/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O ministro Ernesto Araújo, de Relações Exteriores, e a ministra Tereza Cristina da Agricultura, participaram do encontro, para apresentar medidas que o governo tem tomado no combate ao desmatamento na Amazônia. Na conversa, diz Mourão, não foi apresentado nenhum pedido específico pelos países. Houve apenas uma exposição de informações pelo governo.

"Não pediram nada. Apenas mostramos o que estamos fazendo. Qual é a visão? Como é muito pouca coisa publicada a respeito, parece que está todo mundo do governo de braço cruzado, em relação ao que está acontecendo lá", afirmou Mourão, referindo-se à devastação da floresta.

O vice-presidente, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia, um comando militar que atua na floresta, disse que o Brasil persegue a meta de reduzir o desmatamento atual para menos da metade da área degradada, até 2023, chegando a cerca de 4 mil km². "Seriam aqueles números melhores que nós tivemos na década passada. Temos que fazer o impossível para que isso aconteça", comentou.

Está prevista uma viagem com os embaixadores por áreas do Pará e Amazonas, entre os dias 4 e 6 de novembro, com sobrevoo em regiões protegidas e desmatadas. Na carta enviada em setembro a Hamilton Mourão, os oito países europeus afirmaram que a disparada do desmatamento no Brasil dificulta a compra de produtos brasileiros por consumidores do continente.

"Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimentos não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança", afirmaram, na ocasião.

O número de focos de fogo na Amazônia registrados neste ano superou todas as ocorrências dos 12 meses de 2019. Apesar de ainda faltarem 70 dias para o ano terminar, o bioma já sofreu, entre 1º de janeiro e esta quinta-feira, 22, com 89.604 focos, ante 89.176 observados no ano passado, de acordo com registros do Programa Queimadas do Inpe. Nos 22 dias de outubro, o total de pontos de incêndio, de 13.574, já é 73% superior ao observado nos 31 dias deste mesmo mês no ano passado. É também a maior taxa para outubro desde 2017.

As queimadas vêm avançando pela floresta, assim como pelo Pantanal, já há alguns meses. Em setembro, a Amazônia já tinha tido 60% mais focos que no mesmo mês de 2019, fechando como o segundo pior setembro da década.

No Pantanal, o total de queimadas neste ano já é mais que o dobro do observado em todo o ano passado no bioma, de longe o pior cenário desde o início dos registros, em 1998. E o Cerrado também começou a queimar mais agora em outubro, já superando em 52% os focos dos 31 dias de outubro de 2019.

Estadão
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