Organizações indicam propostas para a economia verde no Brasil
Documento traz contribuição aos programas de governo dos candidatos nas eleições de 2022.
O Instituto de Democracia e Sustentabilidade (IDS) promoveu na última sexta feira, dia 2 de setembro, o debate "Economia Verde no Brasil - por uma política nacional", que contou com as presenças de Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e membro da Convergência pelo Brasil, Carlos Mussi, diretor da Cepal, e Carlos Eduardo Young, do Instituto de Economia da UFRJ. O encontro foi o resultado de uma parceria entre o Congresso em Foco e o Instituto O Mundo Que Queremos, com o apoio do Instituto Clima e Sociedade.
Transmitido pelas redes do portal Congresso em Foco, o evento abordou o lançamento da publicação "Economia Verde no Brasil, contribuições para uma política nacional", que reúne propostas embasadas nos diálogos com diversas organizações, especialistas e representantes de seis setores estratégicos da economia, para o avanço das diretrizes voltadas para a evolução de uma economia de baixo carbono no Brasil.
No debate, Joaquim Levy, signatário da Convergência pelo Brasil e diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, que publicou em 2022 o documento "Agenda Climática e o Novo Desenvolvimento Brasileiro", comentou que acredita que a transição do Brasil para uma economia verde traz mais vantagens do que custos. Segundo Levy, "É uma questão da gente se organizar, a gente ter uma visão de conjunto e realmente ter sempre na cabeça a ideia da eficiência e de garantir que a gente faça políticas que, no conjunto, nos façam mais prósperos. Levando também em conta a inclusão e a distribuição geográfica."
O processo de produção do documento passou por diversas etapas de construção, ouvindo e interagindo com diferentes organizações representativas de setores da economia verde como energia solar, turismo de natureza, biotecnologia, economia circular, mobilidade elétrica dentre outros.
Entre as medidas sugeridas na publicação, destinada ao novo presidente da República, está a criação de um Plano Nacional para o Desenvolvimento da Economia Verde, com o objetivo de torná-la um vetor para o desenvolvimento do país, que pode se beneficiar com uma forte ampliação de investimentos em setores estratégicos e com a criação de novos arranjos institucionais que permitam a coordenação de políticas públicas. Outro ponto sugerido é a aprovação da PEC do Clima, com metas e mecanismos de acompanhamento para o Brasil zerar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e uma legislação federal para definição do que pode ser considerado economia verde para fins de incentivos econômicos.
A formulação das propostas de uma política nacional para a economia verde contou com a contribuição de instituições importantes do campo da economia verde tais como: Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Carbon Disclosure Project (CDP), Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (Fundep/UFMG), Grupo Boticário, Grupo Natura & Co, Instituto Brasil Orgânico (IBO), Instituto Semeia, World Transforming Technologies (WTT).
Francisco Gandolfi de Tulio, analista de políticas do CDP, falou no lançamento sobre as contribuições do documento no eixo da construção de uma taxonomia verde nacional. "Quando a gente pensa em uma taxonomia verde, não é só importante a gente tratar de como a gente vai chegar nela, mas também que haja transparência acerca do impacto e dos riscos ambientais que as organizações já estão mapeando ou devem mapear." e completou "Outro eixo de contribuição que o CDP trouxe para o documento é o da importância da gente tratar junto com estados e o próprio governo federal de projetos de neutralidade climática para as diferentes regiões do país".
Já a WTT colaborou no documento na temática de ciência e tecnologia. Para Andre Wongtschowski, gerente de operações da organização, a provocação que buscaram fazer com a contribuição para uma economia verde no Brasil é que uma pergunta seja feita: "Qual é a estratégia nacional de ciência e tecnologia?". Não em termos somente da execução, mas para quê. "A gente deveria pensar em uma estratégia, numa política nacional de ciência e tecnologia orientada por missões. Essas missões deveriam ser construídas a partir de um debate amplo com a sociedade, olhando quais são os grandes desafios do desenvolvimento sustentável para os quais a ciência tem uma contribuição a dar." explicou Andre.