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Semana do Meio Ambiente: natureza está desaparecendo no Brasil

Todos os biomas do país passam por crises ligadas ao desmatamento. Entre os riscos estão desertificação, perda de espécies e colapso hídrico.

5 jun 2023 - 17h40
(atualizado em 6/6/2023 às 05h49)
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por Cinthia Leone (Climainfo.org)

Todos os biomas do país passam por crises ligadas ao desmatamento. Entre os riscos estão desertificação, perda de espécies e colapso hídrico.

O Brasil é um país gigante pela própria natureza, mas ela está diminuindo. Lar de quase 20% de todas as formas de vida do planeta, o país deve sua grande diversidade biológica à presença de 5 biomas: Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Amazônia, além de um trecho de Chaco. 

Foto: Climatempo

Se nossos "bosques têm mais vida", como canta o Hino Nacional, neste dia 5 de junho, dia Mundial do Meio Ambiente, vale refletir sobre o quanto desta vida ainda resta. 

Foto: Climatempo

Localização dos biomas brasileiros (Fonte: IBGE)

Mata Atlântica: 12% 

A árvore que dá nome ao Brasil é nativa deste bioma e como ele quase desapareceu. Semelhante à Amazônia por ser uma floresta de chuva, tropical e megadiversa, este ecossistema é a casa da maior parte da população brasileira. Ou pelo menos deveria ser, se a violência do desmatamento não tivesse marcado a história do país. 

Embora a destruição contínua da Mata Atlântica tenha sido iniciada pela colonização europeia, foi a partir do século 19 que o desmatamento avançou com mais força. Houve forte desmate neste período no estado de São Paulo, que já teve mais da metade de seu território coberto pela floresta e hoje conta com apenas 28% - na capital paulista, a perda foi maior, restando apenas 17% (Veja aqui os números da sua cidade). Atualmente, o estado que mais desmata a Floresta Atlântica é Minas Gerais, seguido por Bahia, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. 

No Brasil inteiro.....

  • restam 24% de fragmentos de Mata Atlântica
  • apenas 12% são matas virgens, isto é, florestas maduras originais, também chamadas de matas primárias.
  • 64% do bioma original foi substituído por pastagens e lavouras
  • apenas 2,25% da área é ocupada por estruturas não vegetadas, como cidades, mesmo sendo este o bioma que abriga a maior população urbana da América do Sul. 

Os especialistas indicam que este bioma, por sua importância ecológica, é prioritário para projetos de reflorestamento.

Cerrado: sobrou metade

Cerca de 46 milhões de pessoas vivem neste bioma, que é a savana tropical mais biodiversa do mundo, abrigando sozinha cerca de 5% das espécies planetárias. Originalmente, este é o segundo maior bioma brasileiro, cobrindo quase 25% do território nacional. 

A ocupação humana sobre o cerrado tem mais de 11 mil anos, mas o desmatamento passou a ser uma tendência apenas a partir do século 19, com forte aceleração no século 21. Aproximadamente metade deste ecossistema continua de pé. 

Se as taxas atuais de desmatamento não forem reduzidas - estão em patamar recorde - o bioma sobreviverá em pequenos fragmentos, o que pode significar um corte de 34% da água contida no ecossistema até a metade deste século.

O Cerrado é apelidado de caixa d'água do Brasil porque muitos rios economicamente importantes para o país nascem e dependem deste bioma. 

 

Caatinga: +60% sem interferência antrópica

Este bioma existe exclusivamente no Brasil, o que significa que todas suas espécies de plantas e animais são endêmicas, isto é, não existem em outros lugares. Este ecossistema ocorre no Norte de Minas Gerais e em todos os estados do Nordeste, cobrindo originalmente mais de 80% de Pernambuco

Como todos os biomas brasileiros, a Caatinga é altamente rica em vida, sendo o semiárido mais biodiverso do mundo e também o mais populoso. E também como o restante da natureza nacional, o bioma está ameaçado pelo desmatamento

Dados do IBGE de 2018 indicavam que ao menos 36% do bioma já estava sob interferência da ação do homem, isto é, pouco mais de 60% ainda estavam protegidos.

Mas um estudo recente do MapBiomas mostra que o desmatamento explodiu na região nos anos mais recentes. Isso eleva o risco de desertificação, um processo que já é sentido em 12% da Caatinga. 

Pampa: 36%

Este é um bioma que só existe no estado do Rio Grande do Sul e em parte da Argentina e do Uruguai. No Brasil, já chegou a ocupar perto de metade das terras gaúchas. Atualmente cobre 36% do estado. 

A velocidade do desmatamento do Pampa nos últimos 36 anos é a maior do país, segundo estudo do MapBiomas. O impacto é especialmente ruim para as aves migratórias, que dependem dos campos sulinos, como o bioma também é conhecido, para seus ciclos de reprodução. 

 

Amazônia: perto de 80%

O aumento do desmatamento na Amazônia brasileira chamou a atenção do mundo nos anos recentes por uma razão simples: este bioma é vital para a regulação do clima no mundo. E apesar de ocorrer em nove países sul-americanos, tem sua maior área no Brasil.

Para se ter uma ideia do risco que o mundo corre, pouco mais de 20% de toda a água doce que chega aos oceanos do mundo vem da foz do rio Amazonas, provendo nutrientes para uma cadeia alimentar de impacto global.  

Os cientistas calculam que se a floresta perder mais do que 20% de sua área, ela começará a se autodestruir, iniciando um processo de seca que a levará a ser uma planície degradada, pobre em vida. Estudos indicam que esse processo pode já estar ocorrendo, com as árvores grandes morrendo antes do tempo, favorecendo espécies mais adaptadas à secura. 

O aumento geral das temperaturas do planeta alimenta o risco de colapso na Amazônia, da mesma forma que a queima e o desmatamento da floresta alimentam esse aquecimento planetário, em um círculo vicioso.

A morte da Amazônia significa extinção em massa de espécies de plantas e animais, pois a floresta abriga uma grande reserva da vida na Terra. 

Gran Chaco: 13%

O Brasil também tem um trechinho curto de Chaco, a maior floresta tropical seca do mundo, concentrada na Argentina, Paraguai e Bolívia. Por não ser um bioma oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro, o ecossistema carece de políticas públicas para sua preservação. Calcula-se que restem apenas 13% de sua cobertura original no país. 

Foto: Climatempo
Climatempo
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