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'52-hertz': conheça a história da baleia mais solitária do mundo

Animal foi detectada pela primeira vez em 1989 e, desde então, pesquisadores tentam decifrar o mistério que envolve seu canto único

31 out 2023 - 07h00
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Baleia considerada a 'mais solitária do mundo' intriga pesquisadores há mais de 30 anos
Baleia considerada a 'mais solitária do mundo' intriga pesquisadores há mais de 30 anos
Foto: Getty Images/Fotosearch

Nas profundezas do oceano, há uma baleia que intriga pesquisadores há mais de 30 anos. Conhecida com 'a mais solitária do mundo', ela canta em uma frequência única, de 52-hertz, o que faz com que ela não seja ouvida pelas outras baleias - cujo canto alcança de 10 a 39-hertz. Desde que foi detectada pela primeira vez, oceanógrafos tentam decifrar os mistérios que envolvem o canto único da '52-hertz'. 

Pesquisadores do Institutito de Oceanografia Woods Hole, dos Estados Unidos, detectaram a baleia pela primeira vez em 1989, no Norte do Oceano Pacífico. Seus cantos foram ouvidos pelo Sistema de Monitoramento Sonoro da Marinha norte-americana, usado durante a Guerra Fria para a detecção de submarinos inimigos.

A vocalização, apesar de característica de uma baleia, chamou a atenção pela alta frequência e padrões diferentes dos de outros animais.

Desde 1992, os oceanógrafos passaram detectar a baleia anualmente e confirmaram que ela possuía um canto único, que era ouvido uma vez por temporada e de apenas uma fonte. No entanto, a baleia nunca foi avistada e, até 2023, não se sabe qual a espécie do animal. 

O pesquisador William Watkins, especialista em acústica marinha, acompanhou a baleia por 12 anos, com a ajuda de hidrofones e sistemas de captação de sons embaixo d'água espalhados pela costa dos Estados Unidos. Em um artigo publicado na revista científica ScienceDirect, Watkins aponta que os padrões de migração da baleia não remetem a nenhuma espécie conhecida. 

"Os registros deixados por ela não estão relacionados a nenhuma das outras que são acompanhadas todos os anos, como as baleias-azuis, as baleias-comuns e as jubartes. Há indícios, no entanto, de que pode ser um indivíduo de espécie híbrida, entre baleia azul e comum", explica o oceanógrafo. 

William Watkins pesquisou a baleia de '52-hertz' por 12 anos
William Watkins pesquisou a baleia de '52-hertz' por 12 anos
Foto: Divulgação/Instituto de Oceanografia Woods Hole

A bióloga marinha Mary Ann Daher afirma que o canto incomum pode ser resultado de alguma má-formação da baleia: "Ela canta na frequência errada mas ouve na frequência certa, o que a deixa sozinha no oceano a procura de parceiros para reprodução."

Carinho do público

O canto único, ouvido em nenhuma outra parte do oceano, levou os cientistas a entenderam que a baleia nadava sozinha, sem se fazer ouvida pelos outros animais. A história 'triste' rendeu um artigo com os resultados das pesquisas de Watkins no jornal The New York Times, publicado em 2004.

Desde então, a baleia ganhou uma legião de fãs e foi alvo de uma série de produções artísticas, como documentários, curta-metragens, músicas e filmes. 

Lançado em 2021 após uma campanha de financiamento coletivo, o documentário A baleia mais solitária: A busca por 52 mostra um grupo de cinco pesquisadores navegando pela costa da California, em uma jornada pelo animal único. O projeto contou com a produção executiva de Leonardo DiCaprio. Em 2023, o mistério da baleia '52-hertz' segue intrigando pesquisadores que continuam a ouvir, ano após ano, o canto do animal mais solitário do mundo.  

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Fonte: Redação Terra
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