Abaixo de nível histórico, Rio Negro atinge patamar de 12 metros pela 1ª vez em 121 anos
Rio amazônico atingiu a marca negativa no último sábado, 21, quando chegou a 12,99 centímetros. Nesta segunda, o rio chegou a 12,82 metros
A estiagem extrema que aflinge o Norte do Brasil provocou um novo recorde negativo na seca dos rios da Amazônia. No último sábado, 21, o Rio Negro baixou, pela primeira vez em 121 anos de medição, para menos de 13 metros de profundidade. Os dados são do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), que mede o nível do rio diariamente em Manaus (AM).
De acordo com o mapeamento do SGB, o rio chegou a 12,99 metros de profundidade na tarde de sábado. O nível permaneceu ao longo do dia e voltou a baixar no domingo, 22, para 12,90 metros. Nesta segunda-feira, 23, o Rio Negro chegou a 12,82 metros.
O nível do rio amazônico atinge novos patamares de seca diariamente desde a última segunda-feira, 16, quando ultrapassou o limiar de nível mínimo histórico, apontando 13,59 metros. Anteriormente, a cota mais baixa foi registrada em 2010, com 13,63 metros, em uma estiagem que provocou estragos devastadores na região.
A previsão de especialistas é que o rio demore a atingir um patamar de normalidade, uma vez que os padrões de chuva na região foram afetados pelo fenômeno El Niño, provocando atraso na subida das águas. É possível, ainda, que a descida do Rio Negro persevere por mais duas ou três semanas, indica o pesquisador de geociência do SGB Marcus Suassuna.
No Alto do Rio Negro os níveis mínimos deverão ser observados apenas em 2024, aponta Suassuna. “Em locais onde a estiagem ocorre em fevereiro, a situação é bem preocupante porque já são registrados níveis bem baixos, e o prognóstico até fevereiro não é favorável, em razão dos impactos do El Niño na região que seguirão fortes até o primeiro semestre do ano que vem”.
Efeitos da seca histórica
A tragédia no ecossistema do Norte do Brasil chegou a revelar registros de antepassados que habitaram a região. No Rio Negro, a seca extrema revelou imagens rupestres de indígenas que habitaram a Amazônia séculos antes da invasão de colonizadores portugueses. A descoberta poderá ajudar pesquisadores a entenderem mais sobre os povos que viveram na região de Manais entre 1.000 e 2.000 anos atrás.
"Gravuras rupestres no sítio arqueológico Lajes em 12 de outubro de 2023 no Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, oportunidade para colocarmos o patrimônio arqueológico da cidade de Manaus em discussão", escreveu o fotógrafo Valter Calheiros nas redes sociais.