Brasil é o 8º maior poluidor plástico do planeta e o 1º da América Latina, alerta relatório
Por ano, o país despeja cerca de 1,3 milhão de toneladas de lixo plástico nos mares
Um relatório divulgado na quinta-feira, 17, pela ONG Oceana, alerta para um dado preocupante: o Brasil é o oitavo maior poluidor plástico do planeta, e o líder na América Latina. Por ano, o País despeja cerca de 1,3 milhão de toneladas de lixo plástico nos mares, influenciando diretamente na fauna marinha e na saúde da população. Ao menos 9 em cada 10 peixes mais consumidos, por exemplo, já ingeriram plástico.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
As informações fazem parte do documento Fragmentos da Destruição: Impacto do Plástico na Fauna Marinha Brasileira, que mostra os efeitos da poluição plástica na vida de diversas espécies marinhas, como moluscos, aves, peixes, tartarugas e mamíferos.
Os resultados apontam que o Brasil é um dos grandes responsáveis pela crise plástica que o planeta enfrenta. O tema, aliás, é urgente. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a poluição por plásticos só fica atrás da emergência climática como maior ameaça ambiental.
No oitavo lugar do ranking de maiores poluidores plásticos, o Brasil despeja cerca de 1,3 milhão de toneladas desses resíduos no oceano por ano. Isso representa cerca de 8% de todo o material plástico que invade os mares em todo o planeta.
Além do impacto desastroso na biodiversidade marinha, os dados também servem como alerta à saúde pública. Segundo o relatório, os microplásticos já fazem parte da dieta humana e podem ser encontrados em 9 das 10 espécies de peixes mais consumidas no mundo.
No caso do Brasil, em cerca de 98% dos peixes que vivem em riachos na Amazônia também foi identificada a presença de plástico no intestino e nas brânquias.
Quando ingerido por animais marinhos, esse material pode ter um impacto gravíssimo em seu ciclo de vida. Isso porque o plástico pode levar à desnutrição, diminuição da imunidade e até à morte.
Para o diretor-geral da ONG Oceana, Ademilson Zamboni, é preciso repensar a lógica de produção numa tentativa de melhorar os números no país e no mundo.
“Além deste estudo nos ajudar a dimensionar melhor o tamanho e a dinâmica do problema, é fundamental também entender que o plástico que polui nossos mares chega lá por conta de um modelo de produção e descarte que precisa ser urgentemente substituído”, afirmou.
Dados relevantes no relatório:
-
85% das espécies marinhas que ingeriram plástico estão em risco de extinção;
-
1 em cada 10 animais marinhos que ingeriu plástico morreu;
-
200 espécies marinhas já foram registradas com ingestão de plástico no Brasil;
-
98% dos peixes amazônicos analisados continham plástico ou microplástico no intestino e nas brânquias;
-
70% das tartarugas verdes ingeriram plástico; em algumas regiões do Brasil, esse índice chega a 100%;
-
Fragmentos de sacolas e embalagens flexíveis são os itens mais ingeridos por tartarugas;
-
77% dos estômagos analisados de aves, tartarugas e mamíferos tinham plástico;
- 49,5% das espécies de aves, répteis e mamíferos analisados pelo Projeto de Monitoramento de Praias continham plástico no estômago