Cabeça d'água e tromba d'água: a diferença entre fenômenos comuns nas chuvas
No último domingo, 17, três adolescentes morreram após serem atingidos por cabeça d'água no Paraná
Ao contrário do que muitos pensam, existem diferenças significativas entre cabeça d'água e tromba d'água. Esta última, aliás, oferece menos riscos e geralmente ocorre em alto mar.
A morte de três adolescentes no final de semana passado, depois de serem atingidos por uma cabeça d’água, levantou dúvidas sobre o fenômeno. Muitas vezes confundido com a tromba d’água, esse evento natural é resultado do aumento do volume de água após fortes chuvas.
No caso recente, que ocorreu em Paranavaí, no Paraná, os adolescentes Pedro Henrique, de 17 anos, Letícia Silva, de 15, e Kauane Duarte, de 16, se refrescavam e tiravam fotos para um evento da igreja quando foram atingidos. Segundo os Bombeiros, eles foram arrastados pela correnteza. Maria Gessé, mãe de Kauane, acompanhava os jovens e segue desaparecida.
O Sistema Meteorológico do Paraná informou que na hora da enxurrada choveu cerca de 53 milímetros na cabeceira do rio. Conforme relatos, as vítimas tentaram se segurar em cipós.
E é justamente o local onde se acumula a água que dá nome a esse fenômeno tão perigoso. A cabeça d'água acontece quuando há grande volume de chuvas nas partes superiores do curso d’água, as chamadas cabeceiras. A definição é do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea-RJ), que faz parte da Secretaria do Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro.
Com a chuva forte incidindo nas cabeceiras, o nível da água rapidamente se eleva nos rios e a correnteza fica violenta.
"Dessa forma, após algum tempo, se observa um aumento repentino do nível nas áreas mais baixas, mesmo que longe de onde ocorreu a chuva", complementa a explicação do Inea-RJ.
Atenção com as cabeceiras deve ser redobrada
No mês de março, a atenção com as cabeças d’água devem ser redobradas. Isso porque é nesse período que as chuvas aumentam em algumas regiões do Brasil, como o Rio de Janeiro. A condição meteorológica é tão comum no estado que virou até música na voz de Tom Jobim e Elis Regina, o sucesso Águas de Março.
É justamente quando mais chove que os cidadãos devem ter mais atenção para as cabeças d’água.
"Muitas vezes, os banhistas são surpreendidos por correntezas repentinas a quilômetros de distância do local de chuva", explica o instituto.
Por isso, é importante evitar o banho em rios e cachoeiras durante e após as chuvas. O Inea-RJ lista os perigos:
- Risco de vida;
- Queda de raios;
- Deslizamentos de terra;
- Quedas de árvores;
- Ser arrastado por uma cabeça d’água.
Se, por algum motivo, o banhista estiver em um rio ou cachoeira durante o período de chuvas, é importante observar o volume de água. Se estiver aumentando muito em pouco tempo, o recomendado é sair em direção para longe das margens.
O que é a tromba d'água
Ao contrário do que muitos pensam, cabeça d'água e tromba d'água não são a mesma coisa. A tromba d'água é uma "nuvem funil", fenômeno muito parecido com um tornado, que se forma sobre a superfície da água. Diferentemente da cabeça d’água, que se forma na cabeceira dos rios, a tromba normalmente ocorre sobre o mar ou lago, ou ainda no oceano.
Além disso, a tromba d'água é muito menos perigosa. Segundo o Inea-RJ, elas geralmente acontecem em áreas distantes do mar e podem chegar a afetar embarcações. No entanto, as ocorrências de morte em razão do fenômeno são raríssimas.