Grávida sofre necrose na perna após ser picada por aranha-marrom no interior de SP
A bacharel em Direito Ketisley Aparecida Freitas Lessa conta que o caso aconteceu no começo de janeiro, mas que até hoje sente dores
Uma moradora de Apiaí (SP) precisou ser internada com um quadro de necrose na perna direita após ser picada por uma aranha-marrom. Quase dois meses após o acidente, ela conta que ainda sente dores.
Uma moradora de Apiaí, no interior de São Paulo, precisou ser internada com um quadro de necrose após ser picada por uma aranha-marrom na perna direita. O caso aconteceu no começo de janeiro, e Ketisley Aparecida Freitas Lessa, de 29 anos e grávida de seis meses, conta que sente dores até hoje.
O acidente aconteceu no dia 5 de janeiro, na casa de Ketisley. A gestante relata que estava limpando seu quarto quando mexeu em um tapete que estava guardado há algum tempo. Ao se sentar na cama para descansar, ela conta que viu a aranha-marrom em sua perna esquerda.
Pouco tempo depois, ela percebeu a marca da picada na perna direita, embora não sentisse dor, e foi ao pronto-socorro. À revista Marie Claire, a gestante conta que, em um primeiro atendimento, não recebeu o soro antiaracnídico e foi dispensada somente com antibióticos e remédios para dor.
Três dias depois, seu quadro de saúde piorou significamente, relata. “Começou a doer demais. Eu não conseguia andar. Além disso, começou a dar reação alérgica no meu corpo inteiro”, contou. Alem das dores, a gestante diz ter sofrido, também, com coceiras e vermelhidão espalhada pelo corpo.
Os sintomas fizeram com que a gestante procurasse o pronto-socorro de uma maternidade e lá fosse internada. “Minha perna já estava em processo de necrose. Fiquei internada por três dias, tomando antibiótico na veia e remédio para dor. Fizeram exame de sangue e constataram veneno na corrente sanguínea, o que afetou a minha coagulação e poderia fazer eu ter uma hemorragia".
Ketisley passou três dias internadas até receber alta médica e continuou o tratamento com antibióticos em casa. Apesar das dores remanescentes, a gestante afirmou que a gestação e o bebê não foram afetados pela picada.
Picadas mortais
No Brasil, os acidentes mais comuns envolvem espécies de Loxosceles, conhecidas como aranha-marrom, Phoneutria nigriventer, as armadeiras.
As aranhas-marrom ou aranhas-violino não são agressivas, picam geralmente quando comprimidas contra o corpo. Elas têm, em média, um centímetro de corpo e até três de comprimento no total.
Essas aranhas possuem hábitos noturnos, constroem teias irregulares, como “algodão esfiapado”. Escondem-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação.
Ao Terra, o professor Marcelo Gonzaga, docente do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia e coordenador do Laboratório de Aracnologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), explica que a picada da aranha-marrom não causa dor na hora, mas seu veneno tem uma ação proteolítica que, ao degradar proteínas lentamente, pode causar a necrose.
"O veneno contém proteínas que vão causar um processo inflamatório, necrose e até casos mais graves envolvendo hemólise", destaca Gonza
O especialista destaca que o veneno da aranha-marrom age rapidamente, indicando a importância de buscar auxílio médico imediatamente após a picada para o uso do soro antiaracnídico, diminuindo a gravidade dos sintomas.