Lula defende estudos para exploração de petróleo na Margem Equatorial: 'Ninguém pode proibir'
Em evento no Amapá, presidente minimizou eventuais críticas que outros países podem fazer sobre o assunto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu os estudos para a exploração de petróleo na Margem Equatorial e disse que "ninguém pode proibir" as pesquisas para avaliar a região. Lula reforçou, porém, que o governo "não vai fazer nenhuma loucura ambiental".
"Eu sou favorável e sonho que um dia a gente não precise de combustível fóssil. Acho que um dia não vamos precisar. Mas esse dia está longe ainda. A humanidade vai precisar de muito tempo. Estou falando porque tem gente que fala que não pode pesquisar a Margem Equatorial para saber se a gente tem petróleo. Primeiro, ninguém tem mais responsabilidade climática do que eu. Eu quero preservar, mas não posso deixar uma riqueza que a gente não sabe se tem e quanto é a 2 mil metros de profundidade enquanto a Guiana e o Suriname estão ficando ricos às custas do petróleo que tem a 50km de nós", declarou.
Lula disse que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem a incumbência de "acertar com o Ibama". "A Petrobras é a empresa com mais tecnologia do mundo de prospecção de petróleo em águas profundas. Não quero estragar um metro de coisas aqui. Mas ninguém pode proibir a gente de pesquisar para saber o tamanho da riqueza que a gente tem", declarou, já próximo ao fim de seu discurso em cerimônia de entrega de terras da União para o Amapá, ao lado de ministros e políticos do Estado, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
"A gente não vai fazer nenhuma loucura ambiental, mas a gente tem que estudar e assumir compromisso de sermos responsáveis e cuidar com carinho. Não queremos poluir um milímetro de água, mas ninguém pode proibir e deixar o Amapá pobre se tiver petróleo aqui no Amapá. É apenas uma questão de bom senso", completou.
As recentes declarações de Lula sobre a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas são vistas com tentativas de interferência política no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e pressão política sobre os técnicos do órgão. Na quarta-feira, o presidente chegou a afirmar que o Ibama parecia ser contra o governo. "O que não pode é ficar nesse lenga-lenga, com o Ibama sendo um órgão do governo e parecendo ser contra o governo", disse.
Nesta quinta-feira, no Amapá, Lula minimizou eventuais críticas que outros países podem fazer sobre o assunto. A exploração de petróleo da Margem Equatorial é vista com cautela por causa de possíveis prejuízos ambientais que ela pode causar.
"Tem gente que fala: 'Presidente, vai ter a COP aqui, vai ser muito ruim'. Vê se os EUA estão preocupados, se a França, Alemanha, Inglaterra estão preocupados. Não, eles exploram o quanto puder. É a Inglaterra que está na Guiana. É a França que está no Suriname. Só nós que vamos comer pão com água? Não. A gente também gosta de pão com mortadela", declarou.
