Lula e Milei 'frios', foto sem Biden e aliança contra a fome: veja o que rolou no 1º dia do G20
Dia foi marcado por pela aprovação de declaração final da cúpula
O Rio de Janeiro recebeu nesta segunda-feira, 18, o primeiro dia da Cúpula do G20. Com participação de lideranças dos 19 países membros, além da União Africana, União Europeia e convidados, o encontro teve como pontos altos o lançamento oficial da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e publicação da declaração pedindo o cessar-fogo na Faixa de Gaza e o apoio a propostas para a taxação de super-ricos, entre outros pontos.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
O dia também teve destaque para o discurso de abertura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros acontecimentos curiosos desde a chegada dos membros do encontro ao Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Veja tudo o que rolou:
Recepção aos líderes mundiais
O primeiro ato do dia foi o recebimento de líderes mundiais por parte de Lula. Na entrada do Museu de Arte do Rio, o presidente brasileiro recepcionou um a um os convidados da cúpula. Um momento, no entanto, chamou a atenção: o cumprimento com o argentino Javier Milei.
O encontro com o presidente da Argentina teve apenas olhares sérios e um registro protocolar. As divergências entre eles ficaram ainda mais evidentes nas declarações feitas durante o evento. Enquanto Lula enfatizou a necessidade de revisar políticas financeiras globais que, segundo ele, prejudicam os países em desenvolvimento, Milei defendeu o neoliberalismo em tom oposto.
Por outro lado, Lula teve contato caloroso com alguns líderes. Nestes casos, os sorrisos tiveram destaque nos cumprimentos a Joe Biden (EUA), Emmanuel Macron (França) e Georgia Meloni (Itália).
Na vez do norte-americano, que optou por uma entrada alternativa para chegar ao local, os líderes tiveram tempo até para uma conversa sobre a paisagem mostrada em um painel do Museu de Arte Moderna (MAM).
Já no local, os presidentes e primeiras-damas receberam um kit com um par de sandálias Havaianas, pulseiras indígenas produzidas pela etnia Yawanawa, camisetas coloridas da Farm, um lenço pintado à mão e até um leque para dar uma 'ajudinha' no calor carioca. Chocolates da marca brasileira Dengo e uma garrafa térmica de alumínio desenhada com uma estampa exclusiva da Farm também marcaram o presente.
Discursos de Lula e Aliança Global
Em sua fala na abertura do evento, Lula propôs uma aliança global contra a fome e a pobreza. O presidente apontou que os problemas citados não são resultados da escassez, mas produtos de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade.
"Compete aos que estão nesta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma aliança global contra a fome e a pobreza. Este será o nosso maior legado. Não se trata apenas de fazer justiça. Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz", disse presidente do Brasil
De início, a Aliança Global de Combate à Fome teve, ao todo, apoio de 148 países e organismos internacionais. A iniciativa, no entanto, não foi prontamente assinada pela Argentina, de Javier Milei, que foi o último País a aderir à causa.
Para o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, a demora se deu por um “processo de entendimento”. Ele também revelou que a Argentina participou de toda a construção do projeto.
“A Argentina participou desde o primeiro momento em reuniões no Brasil, participou da construção, esteve em um dos fóruns do Mercosul e em outros fóruns também”, destacou Dias.
Já em seu segundo discurso, Lula criticou duramente a atuação do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Para ele, o órgão se tornou um obstáculo à paz mundial devido à utilização indiscriminada do veto pelos cinco membros permanentes – Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido.
“A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos 5 membros permanentes. Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia à Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor”, declarou.
Publicação da declaração final
Já perto do fim do dia, os integrantes do encontro aprovaram e publicaram a declaração de líderes pedindo o cessar-fogo na Faixa de Gaza e o apoio a propostas para a taxação de super-ricos.
O documento de 24 páginas também trata de temas como ações climáticas, transições energéticas, inteligências artificiais, combate ao racismo, apoio ao estabelecimento da Coalizão para Produção Local e Regional de Vacinas, incentivo à formação de professores
Para a declaração, a diplomacia brasileira conseguiu o apoio de todos os Países, inclusive da Argentina, que mostrava maior resistência a temas como a taxação de super-ricos e questões de gênero, que também consta no documento final.
Tradição retomada
Em um momento histórico, os líderes do G20 retomaram uma tradição que foi interrompida nas últimas duas edições do encontro. Com o Pão de Açúcar de plano de fundo, os membros da cúpula tiraram a “foto de família”.
O registro oficial do evento não havia sido feito em Bali, na Indonésia, e Nova Déli, na Índia, por causa da guerra envolvendo Rússia e Ucrânia. Nas ocasiões, os integrantes sinalizaram que posar ao lado de líderes russos não seria bem visto, podendo indicar um apoio à invasão do país à Ucrânia.
Apesar da retomada da tradição, a foto não contou com as presenças de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália, e Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá. O norte-americano chegou após o registro porque estava em uma reunião bilateral com Trudeau.