Maceió: à medida que solo afunda em mina, lagoa avança em área
Defesa Civil afirma que movimento de terra na área da mina 18 foi de 6 cm nas últimas 24 horas
O solo na área da mina da Braskem no bairro do Mutange, em Maceió, já cedeu 1,99 m, segundo atualizado nesta quinta-feira, 7, pela Defesa Civil do município. E à medida que o solo afunda, a água da Lagoa Mundaú está avançando na área que antes era seca. Imagens aéreas registradas pelo governo estadual de Alagoas mostram a situação.
A Defesa Civil de Maceió informou que o deslocamento vertical acumulado da mina 18 é de 1,99m e a velocidade vertical é de 0,25 cm por hora, apresentando um movimento de 6 cm nas últimas 24h.
O órgão afirma que permanece em alerta devido ao risco de colapso da mina. Por precaução, a recomendação é que a população não transite na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo.
"Nas últimas 24h, percebemos uma movimentação de 6 cm, mas já tivemos valores maiores que 10 cm diários, então, de fato, o processo está desacelerando, mas ainda está acontecendo. Isso nos fez, há alguns dias, mudar nosso nível operacional. Estávamos em alerta máximo porque o perigo era iminente, e hoje estamos em alerta porque o perigo é potencial", explicou à TV Gazeta Hugo Carvalho, coordenador do centro de monitoramento da Defesa Civil.
Com relação ao avanço da água da lagoa na região, a Defesa Civil afirmou que o peso da água, apesar de possivelmente não fazer a mina ruir, pode potencializar o problema.
"Como essa mina é parcialmente na lagoa, então, de fato, não seria um agente deflagrador esse avanço. Ele poderia ser um potencializador porque a gente percebe algumas rachaduras ali ao redor. A gente sabe que o solo, quando a água entra em contato, ele fica mais pesado. Então, seria de fato um potencializador de toda a problemática”, disse Hugo à TV.
O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA) determinou que a Braskem crie uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e proibiu qualquer atividade comercial dentro da área do mapa de risco da região afetada pelas atividades de mineração, que obrigou milhares de famílias a abandonarem suas casas.
O objetivo é permitir que a vegetação ocupe toda a área, criando, assim, uma unidade de conservação. A Braskem deve apresentar a proposta de criação da RPPN para análise e aprovação do IMA e do Conselho Estadual de Proteção Ambiental (Cepram).