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Maré vermelha: entenda o fenômeno raro que provoca danos à saúde

Em AL e PE, mais de 300 banhistas deram entrada em unidades de saúde com sintomas de intoxicação; fenômeno pode durar entre 12 e 48 horas

6 fev 2024 - 17h12
(atualizado às 17h45)
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Resumo
O fenômeno da 'maré vermelha' acontece pela floração de microalgas presentes no oceano, tendo como consequência a intoxicação de banhistas. O evento é raro e pode durar entre 12 e 48 horas.
Exemplo de 'maré vermelha' registrada em praia do Rio de Janeiro, em 2021
Exemplo de 'maré vermelha' registrada em praia do Rio de Janeiro, em 2021
Foto: ALEXANDRE BRUM/ESTADÃO CONTEÚDO

O fenômeno conhecido como 'maré vermelha' fez com que mais de 300 banhistas procurassem atendimento médico em cidades do litoral de Alagoas e Pernambuco. Os sintomas de intoxicação -- como enjoo, diarreia e irritação dos olhos -- são causados pela floração de microalgas, que se multiplicam e dão o aspecto avermelhado ao oceano. Especialistas recomendam evitar o banho de mar.

Mas como a 'maré vermelha' acontece, quais riscos ela oferece e por quanto tempo? Considerado raro, o fenômeno é uma consequência da fotossíntese das microalgas presentes no oceano. Com a absorção da luz do sol, elas se multiplicam e se acumulam na superfície dos oceanos. Esse acúmulo é chamado de floração.

O aumento das microalgas as torna visíveis e, por conta de seus pigmentos, dão o tom avermelhado às marés. Outros tipos de microrganismos podem provocar fenômenos ainda mais raros e de outras colorações, como verde e marrom, dependendo da espécie. 

Apesar do visual, para os banhistas, uma 'maré vermelha' é sinal de perigo. Além dos casos na Praia de Carro Quebrado em Barra do Santo Antônio (AL), registros de intoxicação pela 'maré vermelha' também ocorreram em Tamandaré, no litoral de Pernambuco. 

Técnico do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas coleta amostras de microalgas de 'maré vermelha'
Técnico do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas coleta amostras de microalgas de 'maré vermelha'
Foto: Divulgação/IMA-AL

Segundo o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL), as microalgas tem o potencial de liberar toxinas e o fenômeno pode provocar sintomas como:

  • Problemas gastrointestinais, como enjoo e diarreia;
  • Dificuldades respiratórias, como tosse, falta de ar e desconforto respiratório;
  • Sintomas neurológicos, como tontura e dor de cabeça. 

A recomendação, de acordo com o IMA-AL, é evitar a recreação e o banho em áreas cujo mar apresente coloração e odor diferente. Em caso de sintomas, é preciso buscar atendimento médico e informar os órgãos ambientais sobre possíveis áreas de ocorrência da 'maré vermelha'. 

"Algumas espécies produzem toxinas que trazem riscos à biodiversidade, à pesca e ao cultivo de organismos marinhos, além da saúde humana. Essa enorme massa de células, ao se decompor, também pode causar a falta de oxigênio para os outros organismos, causando as zonas mortas", explicou a professora do Centro de Biologia Marinha da Unversidade de São Paulo (USP) Áurea Ciotti ao Jornal da USP.

A aparição de uma 'maré vermelha' pode ser repentina, assim como a dissolução das microalgas no oceano. O fenômeno pode durar entre 12 e 48 horas e depende da quantidade de microrganismos presentes, assim como a temperatura do oceano e excesso de nutrientes, entre outros fatores.  

Relação com as mudanças climáticas

O surgimento de 'marés vermelhas' tem se intensificado a partir das mudanças climáticas, como o aquecimento global e o aumento da temperatura dos oceanos. A Copernicus, agência de mudanças climáticas ligada à União Europeia, aponta que, em 2023, o mar chegou à temperatura recorde de 20,96ºC. 

A deposição de resíduos urbanos e fertilizantes de agricultura também causa maior concentração de nutrientes no oceano, o que pode ajudar na proliferação das microalgas. Algumas das soluções consistem na melhoria do saneamento e no manejo de resíduos da agricultura, assim como o próprio combate às mudanças climáticas. 

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Fonte: Redação Terra
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