Mata Atlântica tem mais de 80% das espécies exclusivas de árvores sob risco de extinção, aponta estudo
Grupo de pesquisa da Fapesp realizou levantamento com as quase 5 mil espécies arbóreas do bioma seguindo critérios da IUCN
A pesquisa, publicada na revista científica Science, revelou que mais de 80% das 2 mil espécies arbóreas exclusivas da Mata Atlântica estão em risco de extinção, com 75% das árvores ameaçadas classificadas como 'em perigo', seguindo critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Um grupo de pesquisadores brasileiros realizou um levantamento sobre o risco de extinção das árvores da Mata Atlântica e descobriu que mais de 80% das 2 mil espécies arbóreas exclusivas do bioma estão sob ameaça. Segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa também mostrou que das quase 5 mil espécies presentes na Mata Atlânticas, 65% enfrentam risco de desaparecer.
O resultado da pesquisa foi publicado nesta quinta-feira, 11, na revista científica Science. Segundo a fundação, esta é a primeira vez que um estudo abrange as quase todas as populações das espécies presentes na Mata Atlântica, seguindo critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), referência mundial no estudo de fauna e flora sob ameaça de extinção.
Os estudos levaram em conta mais de 3 milhões de registros de herbários e inventários florestais. Também foram acrescentadadas informações como usos comerciais e séries temporais de perda de habitat das espécies. Entre as árvores ameaçadas, 75% delas foram enquadradas na categoria 'em perigo'. É o caso de espécies antes comuns, como as araucárias, a erva-mate e o palmito-juçara, que tiveram declínio de 50% de sua população.
As árvores exclusivas do bioma, como a canela, tiveram redução de 53% a 89%, com classificações pela IUCN como 'em perigo' ou 'criticamente em perigo' de extinção. Ainda, 13 espécies foram reclassificadas como 'possivelmente extintas'.
Mas nem tudo é má notícias. O grupo também redescobriu cinco espécies consideradas extintas na natureza durante os estudos. A partir dos resultados, os pesquisadores também puderam traçar métodos para medir a ameaça de extinção em escala global.
O coordenador do estudo é o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) Renato Lima, que se disse 'assustado' com os resultados da pesquisa. "O número foi um susto para nós, porque usamos uma abordagem conservadora. Levamos em conta se as espécies tinham ou não floresta disponível, independentemente de ser ou não uma floresta saudável, por exemplo".
"Mas nem todas as espécies conseguem se manter em fragmentos degradados. É possível, portanto, que a realidade seja ainda mais preocupante”, ressaltou o pesquisador à Fapesp.