Pescadores são vistos perto de mina da Braskem em Maceió horas antes de rompimento
Atualmente, a região está isolada, e os pescadores estão proibidos de trabalhar na Lagoa Mundaú, por causa dos riscos
Pescadores foram flagrados por câmeras de monitoramento de orgãos públicos na manhã deste domingo, 10, na área da mina 18 da Braskem, em Maceió, horas antes de rompimento, que ocorreu no começo da tarde.
Nas imagens, é possível ver um pescador com uma pá e outro com um objeto não identificado navegando em uma canoa. O vídeo foi divulgado pelo site local Gazeta Web. A navegação na região está proibida desde 29 de novembro.
Segundo a Defesa Civil de Maceió, no momento, técnicos monitoram o local em busca de mais informações sobre o rompimento da mina. "A Defesa Civil ressalta que a mina e todo o seu entorno estão desocupados e não há qualquer risco para as pessoas", diz a nota.
Rompimento de mina
A mina que se rompeu tem 85 metros de largura e está a 1,1 mil metros de profundidade, segundo estudo do Serviço Geológico do Brasil. A catástrofe pode ser ainda maior, visto que outras duas minas, a de número 7 e a 19, estão bem próximas da 18.
Na manhã deste domingo, a Defesa Civil havia informado que o deslocamento vertical acumulado da mina era de 2,35m, com velocidade vertical de 0,52cm por hora, apresentando um movimento de 12,5cm nas últimas 24h.
Com o aumento significativo na movimentação do solo da mina nos últimos dias, as autoridades já tinham alertado que o rompimento poderia acontecer a qualquer momento. A situação fez com que a Justiça Federal ordenasse a expansão das áreas consideradas de risco. A decisão levou à evacuação de moradores de bairros próximos ao local afetado, que tiveram que deixar suas casas às pressas.
Alerta sobre colapso
Segundo o Ministério Público Federal (MPF) informou ao Terra, um alerta emitido pela Defesa Civil Municipal, no dia 29 de novembro, sobre a possibilidade de afundamento abrupto do solo, desencadeou uma série de medidas adotadas pelo MPF, com o apoio do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) e da Defensoria Pública da União (DPU).
Primeiramente, recomendou-se que fossem intensificadas, pela Defesa Civil Municipal, todas as medidas de proteção das pessoas e de comunicação à sociedade, inclusive com a publicação de alertas por SMS.
Em seguida, as instituições expediram recomendação à Braskem, à Agência Nacional de Mineração (ANM) e ao Sistema de Defesa Civil, para que fossem intensificadas as medidas de monitoramento da região afetada pelo afundamento do solo, bem como quanto ao atendimento psicossocial da população impactada pelo alerta de risco iminente, tudo custeado pela empresa petroquímica.
Como problema começou?
Os problemas em Maceió começaram em 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e casas e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano. A petroquímica realizava a extração de sal-gema na capital alagoana em 35 minas.
Em novembro de 2019, a empresa decidiu propor a remoção preventiva dos moradores e a criação da Área de Resguardo. Esse local fica na área dos 35 poços de sal que eram operados nos bairros e já estavam desde maio do mesmo ano paralisados. Foi quando, em novembro de 2019, a Braskem também anunciou o encerramento definitivo da extração do minério na região. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo desastre.
As 35 minas da companhia começaram a ser fechadas ainda em 2019, depois que a empresa foi responsabilizada pelo surgimento de rachaduras em casas e ruas de alguns bairros de Maceió no ano anterior. O abalo foi causado pelo deslocamento do subsolo causado pela extração de sal-gema, um cloreto de sódio que é utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), pela Braskem. A fabricação na região teve início em 1976.