Por que a tempestade prevista não aconteceu em SP? Especialistas explicam
Chuvas que prometiam chegar a 250 mm, com ventos de até 60 km/h, perderam força desde a sexta-feira
A tempestade prevista para o final de semana no Estado de São Paulo não teve a força esperada. Até a noite deste sábado, 19, as chuvas que prometiam chegar a 250 milímetros de acumulado em algumas regiões, conforme a Defesa Civil, perderam intensidade.
O maior índice pluviométrico registrado no território paulista foi de 96 mm, na cidade de Avaré (interior), a 260 km da capital, seguido de Campos do Jordão (52 mm), município localizado na Serra da Mantiqueira.
Para o capitão Roberto Farina, da Defesa Civil, o primeiro motivo da perda de força da chuva foi a divisão da frente fria que vinha do sul em duas partes. Uma delas, segundo o capitão, seguiu o sentido Paraná, passando pelo interior paulista até Presidente Prudente, do lado oeste de São Paulo; e a outra foi em direção ao oceano, subindo por São Sebastião e Ubatuba, e retornando ao continente na Serra da Mantiqueira.
"Então, se formaram dois núcleos de chuva, um em Presidente Prudente e outro na Serra da Mantiqueira", diz Farina.
Um segundo motivo, explica ele, foi a mudança de rota do corredor de umidade amazônico, que entra no Estado entre Barretos e Presidente Prudente. A previsão para o alto acumulado de chuvas para São Paulo neste final de semana estava relacionada com o encontro da frente fria do sul com esse corredor amazônico úmido.
"Mas a frente fria estava tão densa, que empurrou o corredor sentido Minas Gerais", afirma Farina. "Então, acabou que não aconteceu a precipitação prevista, como em São Paulo, por exemplo, que tinha previsão de chuva desde ontem (sexta-feira, 18)". Na capital paulista, o acumulado de chuvas deste sábado foi de 31 mm, segundo a Defesa Civil. O esperado para a região era de 95 mm.
O temor por um novo apagão generalizado na Grande SP, como o registrado na semana passada, não se concretizou. O número de afetados neste final de semana, até o momento, esteve longe de chegar aos 3,1 milhões de clientes da Enel que ficaram sem luz nos últimos dias por conta do temporal de 11 de outubro.
Conforme a distribuidora, o número máximo de clientes a ficar sem energia na região metropolitana de São Paulo, neste final de semana, foi 138 mil. Até a noite, a companhia tentava restabelecer o serviço para outras 51 mil pessoas.
Conforme a Defesa Civil, as cidades foram afetadas apenas por chuvas, raios e ventos, sem ocorrências graves. De acordo com o governo de São Paulo, houve um transbordamento de córrego na cidade de Água Branca, causando inundação de algumas vias. Não houve registro de feridos.
Para Estael Dias, meteorologista da MetSul, no entanto, a chuva abaixo abaixo da intensidade esperada na capital paulista não foi uma surpresa. Segundo ela, os modelos utilizados por sua equipe não indicavam um forte temporal para São Paulo neste final de semana com o que ocorreu no dia 11.
"Não temos como responder o porquê de a instabilidade ter sido mais fraca do que o previsto porque simplesmente em nenhum momento previmos forte temporal em São Paulo. O máximo que podemos dizer é que os dados jamais indicaram e, assim, não foi previsto", afirmou Estael ao Estadão.
Ela diz que, por ética, não comenta as previsões meteorológicas feitas por outros institutos. "A grande questão é: por que foi previsto sem que dados indicassem minimamente um cenário semelhante ao da sexta-feira anterior? Esta resposta não temos como oferecer", acrescenta.
Maiores quantidade de chuva nas cidades de SP*
- Avaré: 96mm
- Campos Do Jordão: 52mm
- Juquitiba: 50mm
- Itapetininga: 50mm
- São Lourenço Da Serra: 43mm
- São Vicente: 40mm
- Piedade: 39mm
- Praia Grande: 38mm
- Embu-guaçu: 36mm
- Sorocaba: 35mm
- Itapirapuã Paulista: 35mm
- Ubatuba: 32mm
- Ibiúna: 31mm
- São Paulo (Barro Branco): 31mm
- Bertioga: 30mm
- Santos: 28mm
- Mongaguá: 28mm
- São Sebastião: 26mm
- Guarujá: 26mm
- Taboão Da Serra: 25mm
*Dados fornecidos pela Defesa Civil de 17h45 de 19 de outubro