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Por que Amazônia teve pior degradação em 15 anos, apesar de queda do desmate?

Área danificada por queimadas cresceu 497% em 2024; procurado, Ministério do Meio Ambiente não comentou

24 jan 2025 - 19h31
(atualizado às 19h38)
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A degradação florestal da Amazônia apresentou alta de 497% em 2024 em relação ao ano anterior, segundo dados do Imazon, instituto de pesquisa que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2009. Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não respondeu até a publicação do texto.

De janeiro a dezembro do ano passado, foram degradados 36.379 km², área maior do que a da Bélgica, o que representou aumento de seis vezes em relação a 2023, chegando ao pior índice desde o início da série histórica.

Queimadas na Amazônia devem ficar mais comuns por causa das mudanças climáticas, segundo especialistas
Queimadas na Amazônia devem ficar mais comuns por causa das mudanças climáticas, segundo especialistas
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

Já a área desmatada no bioma diminuiu pelo segundo ano consecutivo, com 3.739 km² derrubados de janeiro a dezembro de 2024, redução de 7% em relação ao ano anterior. O País assumiu o compromisso de zerar o desmatamento até 2030.

A degradação difere do desmatamento, em que a cobertura vegetal de uma área é removida totalmente, e está associada aos danos decorrentes da exploração madeireira e das queimadas.

Especialistas apontam que o risco de estiagem severa e de queimadas aumenta por causa das mudanças climáticas. A gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter ampliado a quantidade de brigadistas e as estratégias para combater crimes ambientais, mas mostrou falhas na prevenção do fogo nos últimos dois anos.

A escalada de incêndios deve ser uma dor de cabeça para o governo neste ano, uma vez que o Brasil vai sediar a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) e pretende se colocar como um protagonistas nas negociações globais para frear o aquecimento do planeta.

Sede da COP-30, em novembro, o Pará foi responsável pelas maiores áreas de desmatamento e degradação no País.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade informou, em nota, que o Estado "segue intensificando os esforços para combater o desmatamento, incêndios florestais e queimadas, fenômenos agravados pelas mudanças climáticas globais" e que monitora e fiscaliza esses eventos a partir da Operação Curupira e Amazônia Viva.

O Imazon atribui a alta ao aumento das queimadas principalmente nos meses de agosto e setembro, quando a degradação cresceu mais de 1000%. Em dezembro, houve queda de 40%.

"Tivemos em 2024 áreas queimadas históricas em extensão, o que mostra que é necessário inserir o combate à degradação de forma mais eficiente no planejamento de fiscalização da Amazônia", disse ao Estadão a pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon Larissa Amorim.

Por que a degradação é preocupante

Ao comprometer a cobertura florestal e a qualidade do solo, o aumento da degradação intensifica as emissões de gases estufa, causa destruição da flora, perda de habitat e morte da fauna.

Há ainda o problema da fumaça das queimadas, que piorou a qualidade do ar em cidades de todo o Brasil no ano passado, levando a uma explosão de atendimentos no sistema de saúde pública, o SUS.

Para a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim, os impactos da degradação florestal para o ambiente são tão graves quanto os do desmate.

"Os dois são prejudiciais. O aumento alarmante das áreas de degradação preocupa, mas ambos devem ser combatidos", afirma.

Ela avalia que as ações de controle do desmatamento já são mais sistemáticas, enquanto o combate às queimadas costuma ser mais intenso nos meses mais críticos, de setembro a outubro.

Para evitar que o desmate e a degradação aumentem em 2025, ela considera que "os órgãos responsáveis precisam se planejar para a estação seca que virá a partir de maio, além de dar continuidade às ações de fiscalização que já existem".

Por um lado, áreas degradadas por extração madeireira ou por queimada têm a capacidade de recuperar sua cobertura florestal muito mais rápido do que uma área desmatada, em que há retirada completa da vegetação.

Quando as queimadas são recorrentes, porém, a degradação pode atingir patamar "bem próximo ao desmatamento", levando à perda da cobertura florestal, segundo explica a pesquisadora.

Sede da COP30, Pará foi campeão na devastação e desmatamento

O Pará foi o Estado que mais degradou a Amazônia em 2024, sendo responsável por quase metade da área degradada em todo o País: foram 17.195 km², número cinco vezes maior do que no ano anterior, conforme os dados do Imazon

Foi também o que teve a maior área desmatada no bioma, com 1.260 km² perdidos, destaque negativo que se mantém há nove anos consecutivos. No ano passado, o Estado concentrou ainda as Unidades de Conservação e Terras Indígenas mais desmatadas e degradadas em todo o País.

O governo estadual afirma que ações integradas dos órgãos estaduais embargaram, em 2024, mais de 37 mil hectares de áreas utilizadas para atividades ilegais, como desmatamento e garimpo. A Operação Fênix ganhou reforço de 40 novos bombeiros, totalizando 120 profissionais no combate às queimadas, além de oito novas viaturas e abafadores de incêndio e dois helicópteros para o combate aéreo.

Cita ainda o "avanço na implementação de alternativas econômicas que mantém a floresta em pé, incentivando a economia sustentável", por meio do Plano de Recuperação da Vegetação Nativa (PRVN-PA) e do Projeto Valoriza Territórios Sustentáveis (Valoriza TS), parte do o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio), além do fortalecimento da regularização ambiental rural.

Estadão
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