'Porco Barbie', 'Unicumber' e mais: cientistas descobrem espécies inusitadas no fundo do mar
Descobertas aconteceram em meio a exploração por minérios a quase 5 mil metros de profundidade no Oceano Pacífico
Uma expedição em busca de minérios nas profundezas do Oceano Pacífico, a quase 5 mil metros de profundidade, resultou em uma descoberta celebrada por cientistas ao redor do planeta. Pela primeira vez, animais como o 'Porco Barbie' e o 'Unicumber' foram fotografados, em alta qualidade, em uma região onde a pressão pode esmagar qualquer ser vivo que não esteja preparado para as condições severas do oceano.
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O 'Porco Barbie' é, na verdade, uma espécie de pepino-do-mar da espécie Amperima rosea, que habita a região do mar conhecida como 'abissal'. Esses animais vivem no leito do oceano e se alimentam de plânctons e outros animais em decomposição encontrados no 'chão' do mar.
Já o 'Unicumber' é um porco-do-mar que também habita a região abissal, podendo ser encontrado a mais de 6 mil metros de profundeza. Translúcido, foi fotografado em alta qualidade e, pela primeira vez, pesquisadores puderam ter acesso a uma amostra da espécie.
Outro animal que surpreendeu os pesquisadores é o granadeiro, uma espécie de peixe que também foi encontrada pela primeira vez na região. É um dos poucos vertebrados capazes de resistir à pressão do oceano na zona abissal.
As descobertas aconteceram durante uma exploração na Zona Clarion-Clipperton (CCZ, em inglês), uma região rica em nódulos polimetálicos, ricos em minerais que são usados na produção de baterias para aparelhos eletrônicos e veículos elétricos. A região se estende pelo Oceano Pacífico, entre o arquipélago do Havaí, nos Estados Unidos, até o litoral do México, e pode chegar a 5,4 mil metros de profundidade.
Segundo Rory Usher, porta-voz da The Metals Company, uma das empresas responsáveis pela exploração mineral na região, a CCZ é a maior fonte de manganês, cobalto e níquel do mundo. A previsão de material que existe no local sustentaria a produção de 280 milhões de veículos elétricos, um quarto da frota existente no planeta.
Nunca antes documentadas
"Podemos dizer que muitas dessas espécies são novidade para a Ciência", afirma a bióloga marinha Regen Drennen, do Museu de História Natural de Londres. "Elas podem até ter sido vistas antes, mas nunca registradas ou documentadas formalmente".
Os achados acendem um alerta entre os pesquisadores, que veem na Zona Clarion-Clipperton uma região de pouca densidade populacional de animais, dada a escassez de alimentos.
"Até então, a distribuição desses animais na região parece ser bastante esparsa. A população abundante de uma espécie em uma área pode ser completamente ausente em outras", explica a bióloga.
Para documentar essas espécies, cientistas enfrentam uma série de desafios. Um deles é retirar um animal intacto para estudos na superfície. Fora de seus habitats, aonde a pressão chega ao equivalente de 35 toneladas por metro cúbico, os 'porcos barbie' desintegrariam.
Ainda assim, os cientistas não se desanimam. "Vários espécimes vão ser usados para pesquisa para que possamos entender os padrões de diversidade ao redor do leito marinho nessa região", diz a estudante de doutorado Eva Stewart ao IFLScience.