RS: nível do Guaíba sobe 8 cm por hora e deve atingir maior recorde em 83 anos
Última vez que o rio Guaíba, em Porto Alegre, passou de 4 metros foi em 1941. Cidade está em estado de calamidade pública
O nível do Guaíba, em Porto Alegre (RS), já atingiu 4,5 metros na tarde desta sexta-feira, 3, devido às fortes chuvas que atingem a região. De acordo com o governador Eduardo Leite (PSDB), o volume das águas do rio sobe 8 cm por hora. A previsão é de que ele chegue a 5 metros ainda nesta sexta.
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“O Guaíba já está em 3,36 m e subindo 8 cm por hora. Nessa madrugada ele já vai chegar a 4 metros, um patamar que nunca vimos. Nossa equipe já fala em 5 metros. Seria maior que a enchente de 1941”, disse o governador em uma transmissão na noite de quinta, 2.
Nesta madrugada, o nível já superava a marca de 4,20 metros na madrugada, e por isso, foi decretado estado de calamidade pública em Porto Alegre. Segundo a prefeitura, o instrumento classifica o desastre como de grande intensidade (nível III), levando em consideração os parâmetros estabelecidos pela portaria nº 260/2022 do Ministério de Desenvolvimento Regional.
A última vez que o rio Guaíba passou de 4 metros foi em 1941, quando a cota máxima foi de 4,76 metros. Desde a enchente histórica, há 83 anos, essa é apenas a quarta vez que o rio ultrapassa a cota de transbordamento de 3 metros.
De acordo com O Globo, o hidrólogo Pedro Luiz Camargo apontou que os moradores mais atingidos serão os da Zona Sul da capital gaúcha, Barra do Ribeiro, Guaíba, Eldorado do Sul e as ilhas do Guaíba.
“Quero pedir mais uma vez que as pessoas tenham a percepção de urgência em relação ao que está ocorrendo no Estado. É muito importante que a população leve a sério as recomendações e busque se proteger, que atenda a esse chamado da emergência sem precedentes que estamos vivendo e deixe as zonas de risco”, declarou Leite.
O Guaíba recebe as águas de diversos rios gaúchos, como o Jacuí, Gravataí e Sinos. O corpo hídrico, então, deságua na Lagoa dos Patos, que desemboca no Oceano Atlântico. O rompimento da barragem 14 de Julho, que aflui no Rio Taquari, também é monitorado pela Defesa Civil.
Temporal no Rio Grande do Sul
Ao menos 235 municípios foram afetados pelas fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a segunda-feira, 29, segundo a Defesa Civil do Estado. Nesta sexta-feira, 3, subiu para 35 o número de mortes, ao menos 74 pessoas estão desaparecidas, 56 feridas e mais de 17 mil moradores estão desalojados.
Até o momento, mais de 350 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas. Além dos desalojados, 7.165 estão em abrigos fornecidos pelas prefeituras.
Em entrevista coletiva na quarta-feira, 1º, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou que a destruição causada pelas chuvas deve resultar no "maior desastre da história" gaúcha em termos de prejuízo material.
"Nós não teremos capacidade de fazer todos os resgates", afirmou o político. "Será o maior desastre que o nosso Estado já tenha enfrentado. Infelizmente maior do que o que nós assistimos no ano passado", acrescentou ele.
Nas redes sociais, o governador ainda comparou a situação das chuvas a um cenário de guerra. "Precisamos da participação efetiva e integral das Forças Armadas na coordenação deste momento, que é como o de uma guerra. Não temos um inimigo para ser combatido, mas temos muitos obstáculos", escreveu.