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"Somos o perigo", diz ONU após 12º mês consecutivo de recorde de calor

Maio marca o 12º mês consecutivo de máximas históricas, alerta Copernicus

5 jun 2024 - 17h29
(atualizado às 17h36)
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Foto em São Paulo durante onda de calor.
Foto em São Paulo durante onda de calor.
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

A temperatura média global atingiu valor recorde em maio deste ano pelo 12º mês consecutivo, segundo os cientistas do observatório europeu Copernicus. O relatório Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) apontou um aumento de 0,65ºC comparado à média de 1991 e 2020.  

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, citou os dados do C3S ao pedir por uma ação urgente nesta quarta-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente.

"Nós não estamos apenas em perigo, nós somos o perigo, mas também somos a solução. Estamos em um momento de verdade", afirmou Guterres.

O estudo da Copernicus aponta que o planeta está aquecendo a uma taxa sem precedentes, com temperaturas médias globais atingindo novos máximos históricos. Nos últimos 12 meses, a temperatura média global chegou ao patamar mais alto já registrado, alcançando 0,75°C acima da média de 1991 a 2020. 

A elevação é ainda mais significativa quando comparada à média pré-industrial, entre 1850 e 1900, registrando um aumento de 1,52ºC. Maio marca o 11º mês consecutivo em que a temperatura média global ultrapassou os 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Nos últimos 12 meses, a temperatura foi 1,63°C mais quente.

O diretor do C3S, Carlo Buontempo, emitiu um comunicado sobre os resultados.

"É chocante, mas não surpreendente, que tenhamos alcançado essa sequência de 12 meses. Embora essa sequência de meses recordes seja eventualmente interrompida, a assinatura geral da mudança climática permanece e não há sinal de uma mudança dessa tendência", afirmou. 

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) também divulgou informações que solidificam as do C3S. Em sua Atualização Global Anual para Decadal do Clima, a OMM adverte que estamos nos aproximando dos limites estipulados pelo Acordo de Paris. 

De acordo com a organização, espera-se que a temperatura média global esteja entre 1,1ºC e 1,9ºC acima dos níveis do período de referência de 1850 a 1900, para cada ano do período de 2024 a 2028. A probabilidade de a temperatura média global passar de 1,5ºC em pelo menos um desses anos é de 80%. Ao longo do período de cinco anos, a chance de ultrapassar 1,5ºC da era pré-industrial é de 47%. 

"Estamos quebrando recordes de temperatura global e colhendo um redemoinho. É a hora da verdade climática. Agora é o momento de mobilizar, agir e entregar", afirmou Guterres. 

O relatório Indicadores de Mudança Climática Global destaca que o aquecimento global, impulsionado pela atividade humana, está progredindo a uma taxa de 0,26ºC por década. Ao longo da década mais recente, de 2014 a 2023, o aquecimento global causado pelo homem foi de 1,19ºC, aumento de 0,05ºC comparado ao registrado no ano anterior, de 1,14ºC.

Além disso, o relatório cita ainda que, para cumprir com o limite de 1,5ºC de aquecimento global, a emissão de dióxido de carbono deve ser de até 200  gigatoneladas (bilhões de toneladas), o que equivale a cinco anos de emissões globais considerando o ritmo atual. 

"Estamos vivendo em tempos sem precedentes, mas também temos habilidades sem precedentes para monitorar o clima e isso pode ajudar a informar nossas ações. Essa sequência dos meses mais quentes será lembrada como comparativamente fria, mas se conseguirmos estabilizar as concentrações de GEEs na atmosfera num futuro muito próximo, podemos conseguir retornar a essas temperaturas ‘frias’ até o final do século", afirmou Buontempo.

Fonte: Redação Terra
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