Taxas, grávidas proibidas e limite de pessoas: entenda as pecularidades de Fernando de Noronha
Únicas maneiras de chegar ao arquipélago são via avião ou embarcação
Fernando de Noronha é o destino dos sonhos para muita gente. Apesar disso, o arquipélago queridinho dos famosos passa longe de ser um destino acessível, além de ter muitas peculiaridades, principalmente para os moradores.
A especificidade de Noronha já fica clara na maneira de chegar à ilha pernambucana: só de avião ou embarcação. Pedir um Uber, 99 ou outro serviço de aplicativo de carro? Esquece, nada disso é possível por lá. Os meios de transporte mais utilizados são ônibus, táxi, bicicleta ou os famosos buggies.
Taxas em Noronha
Todo mundo que visita o arquipélago deve pagar uma taxa de preservação, valor varia de acordo com os dias de permanência em Noronha. Você pode pagar previamente, preenchendo um formulário no site oficial da ilha ou efetuar o pagamento ao desembarcar no aeroporto. Atualmente, esse valor é de R$ 92,89/dia.
A Taxa de Preservação Ambiental (TPA), instituída pela Lei nº10.403, de 29/12/1989, com as alterações introduzidas pelas Leis nº11.704, de 29/11/99; nº11.923, de 29/12/00 e nº11.949, de 09/04/01, estabeleceu todas as pessoas, não residentes ou domiciliadas em Fernando de Noronha, que estejam em visita, de caráter turístico, e será calculada em razão dos dias de permanência, nos termos da Lei.
Para visitar a Praia do Sancho, que já foi eleita a mais bonita do mundo, é preciso pagar a taxa do ICMBio (Instituto Chico Mendes): R$ 179 para brasileiros e R$ 358 para estrangeiros. A carteirinha ainda dá direto de visitar as demais atrações do Parque Nacional Marinho (PARNAMAR), como a Praia do Atalaia e a Praia do Leão, além de passeios de barco e mergulhos.
Oficialmente, o governo de Pernambuco afirma que esse valor é investido em melhorias no arquipélago. Porém, em entrevista ao Terra, Barbara Polezer, empreendora no Canoe Clube, afirmou que não há clareza nas informações de onde vai o dinheiro.
"Sobre as taxas de permanência e da tarifa do Parque. Acho um valor bastante alto, assim como tudo na ilha, mas não sei exatamente em que cada uma é aplicada. A comunidade sempre clama por mais informações e por investimento direto na ilha. A sensação é que não é bem assim", afirmou Polezer.
A empreendedora foi para Noronha como turista pela primeira vez em 2017. No ano seguinte, ela começou a trabalhar com turismo e agora já em Noronha há seis anos. Foi amor à primeira vista, como uma sensação de volta para casa: "Eu decidi e ainda decido diariamente ficar porque aqui me sinto viva, ligada diretamente com todos os ciclos da natureza, me sinto em segurança e em paz. Vim para me achar e parece que ainda continuo encontrando pedacinhos todos os dias. Gosto da pessoa que sou aqui, da vida simples e da possibilidade de conviver com pessoas que por escolha viraram minha família."
Grávidas proibidas
Apesar de todo o amor que sente pelo local, algumas regras acabaram pegando no coração. Em Fernando de Noronha, por exemplo, as grávidas precisam encontrar um outro lugar para morar quando chegam aos sete meses de gestação por uma recomendação da Secretaria de Saúde de Pernambuco, já que o arquipélago não tem nenhuma maternidade especializada.
"Eu tenho uma filha com quase dois anos. E, sim, é proibido nascer no Paraíso. Quando completamos 7 meses de gestação somos convidados a nos retirar e encaminhadas a Recife ou qualquer outro lugar fora da ilha. Na verdade, mesmo tendo tido minha filha por parto domiciliar, não arriscaria ficar pela falta de infraestrutura hospitalar, banco de sangue e distância de uma unidade de saúde completa, que não é o caso do nosso Hospital São Lucas", relembrou a empreendedora.
"Eu estava indo para perto da minha família, que não mora aqui, mas acho muito dolorido para as mamães de famílias daqui serem afastadas dos seus familiares e companheiro por tanto tempo por não ter o básico em um hospital que poderia ser referência, já que atende uma comunidade tão pequena", revelou.
"Para entrar na ilha existem restrições apenas para gestantes com mais de sete meses de gestação. O que existe aqui é uma burocracia e um controle migratório necessário para não extrapolar o limite de visitantes mensais. A ilha tem suas particularidades e limitações", concluiu Polezer.
Famosos em Noronha
Pela exclusividade e altos preços, Noronha também é um lugar que recebe muitos turistas famosos, principalmente atores. "Famosos sempre embarcam, tratamos com o mesmo respeito e carinho que todos os demais visitantes. Já recebemos muitas vezes Bruno Gagliasso, Giovanna Ewbank, Débora Secco, Fernanda Paes Leme, Tata Werneck, Rafa Vitti, Chay Suede, Larissa Manoela, entre outros", revelou a empreendedora.
Bruno Gagliasso, por exemplo, investe em Noronha. O ator é dono de duas pousadas no local: Pousada Maria Bonita e a Pousada Maria Flor.
Proibição de plástico
A preservação do meio ambiente é levado a sério em Fernando de Noronha. Por isso, o arquipelágo não permite a entrada de plástico. A proibição começa já no próprio aeroporto, nada de desembarcar com sacolinha plástica. O item não existe nem nos momentos de compras.
Formada em Turismo pela Unopar, Paloma Souza explicou que um decreto, no final de 2018, estabeleceu a proibição da entrada, comercialização e uso de recipientes e embalagens de plástico e seus similares.
"As regras incluem garrafas plásticas, copos, canudos e sacolas descartáveis. Também foram proibidas as embalagens e os recipientes de isopor e outros produtos compostos por polietilenos, polipropilenos e similares. É bom ter alguns cuidados em relação ao que será levado na mala, por ainda não ser uma informação muito divulgadas, as pessoas acabaram ainda trazendo. Achei uma boa iniciativa, vimos que aqui ninguém precisa de plástico", detalhou.
Limite de pessoas
O arquipelágo pode receber até 11 mil visitante por mês. O local é mais procurado durante os meses mais quentes do Brasil, que vai de outubro até março. Por isso, a Administração de Fernando de Noronha divulgou um comunicado em que informa que a contagem será realizada por meio ingresso ao Parque Nacional Marinho.
A ação entra em consenso com um documento assinado em março deste ano pelo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e por Raquel Lyra (PSDB), governadora de Pernambuco, que indica que Fernando de Noronha deve receber, no máximo, 132 mil visitantes por ano.
O presidente do Conselho de Turismo, Hayrton Almeida, entende que a ação é o mais adequado, mas não é o ideal. “O controle pelo Parque Nacional reflete a quantidade de turista de forma mais aproximada. Isso não resolve 100% do problema. O ideal é rever o número geral e acabar com essa história do que ficar engessado mês a mês”, analisou.
O presidente da Assembleia Popular Noronhese, Nino Alexandre Lehnemann, declarou que é preciso que a sazonalidade seja considerada: “Se existe um número que deve ser seguindo, não há motivos de limitar por mês. A baixa estação não foi considerada. O acompanhamento mensal não é adequado.'