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Nova era de 'superfuracões'? Mudanças climáticas podem criar tempestades mais perigosas que o Furacão Milton

Tempestade devastou cidades na Flórida (EUA) na quarta-feira

10 out 2024 - 18h49
(atualizado às 19h23)
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Furacão Milton deixou destruída a região de Siesta Key, em Sarasota, na Flórida (EUA).
Furacão Milton deixou destruída a região de Siesta Key, em Sarasota, na Flórida (EUA).
Foto: Sean Rayford/Getty Images

A passagem do Furacão Milton pela Flórida (EUA) na quarta-feira, 9, acendeu um alerta entre autoridades e a comunidade no geral. O fenômeno chegou a atingir a categoria 5, a mais perigosa para um furacão, tornando seu potencial destruidor mais intenso.

Os furacões se formam no oceano quando as águas estão mais aquecidas e evaporam com facilidade. Desta forma, são formadas nuvens carregadas de chuva sobre essa evaporação, o que acaba gerando esse fenômeno.

"Os furacões começam a girar por causa do efeito Coriolis, que vem da própria rotação da Terra: enquanto o planeta gira, as massas de ar e as massas de água giram juntos. É o efeito de você tirar a tampinha do ralo e a água da pia girar. Isso é causado pela rotação da Terra.", explica Rodrigo Salvetti, geólogo e professor de Ciências Biológicas do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP).

No caso da tempestade que atingiu a Flórida na quarta-feira, as águas do Golfo do México estavam mais aquecidas do que o habitual, por isso, em poucas horas, o furacão subiu para uma categoria alarmante. Este aquecimento das águas do Golfo do México é ocasionado justamente pelas mudanças climáticas.

"Isso aconteceu em horas, o que é muito raro de acontecer quando a gente vê um furacão se formando. Geralmente os furacões vão crescendo ao longo de dias, as vezes semanas, e o Milton se formou e se tornou um furacão em poucas horas", diz Salvetti.

Nova categoria para furacões

O Centro Nacional de Furacões dos EUA utiliza a escala Herbert Saffir para medir a intensidade e a velocidade dos furacões de 1 a 5. Contudo, caso as águas dos oceanos continuem a aumentar a temperatura com o passar dos anos, a humanidade pode vivenciar uma nova era de "superfuracões", ou seja, furacões inéditos de categoria 6.

"Furacões estão se tornando cada vez mais frequentes e intensos e por isso existe uma discussão para dividir a escala 5 e criar a escala 6, que seriam furacões com ventos acima de 350km por hora. Criando uma categoria nova, é possível alertar tanto o governo quanto a população de que aquele evento climático está ocorrendo e que ele é muito catastrófico e destrutivo, com potencial de causar muitos danos à população, estruturas urbanas, fazendas", afirma o especialista.

A criação da categoria 6 para mensurar esses furacões inéditos é uma maneira, também, de conscientizar para a necessidade de um preparo ainda maior para estas tempestades: "A escala 5, em tese, já dá conta de todos os furacões com ventos acima de 250km por hora. A ideia é criar uma divisão que sirva como alerta, mas não necessariamente uma escala científica". 

Há como evitar a formação de 'superfuracões'?

O potencial para que surjam tempestades inéditas é um alerta de que as mudanças climáticas precisam ser contidas, seja com a diminuição de gases estufa na atmosfera, da queima de combustível, entre outras ações.

"O ponto mais importante é em relação às mudanças climáticas. Furacões dessa magnitude têm ocorrido com mais frequência porque o clima do mundo está mudando e, com essas mudanças climáticas nós teremos cada vez mais eventos dessa intensidade", completa.

O preparo para evitar estragos causados pelo fenômeno, portanto, deverá ser ainda maior por parte do governo e das prefeituras, principalmente em cidades dos EUA e da Ásia. 

"As cidades têm que ser preparadas com construções e instalações que suportem tantos os ventos muito intensos quanto a quantidade de chuvas que um furacão desses gera. Então, é ter instalações subterrâneas de energia, internet e telecomunicações. Tem que existir planos do governo de evacuação imediata quando observarem a formação de um evento como esse. Porque se as pessoas não estiverem em locais seguros durante um furacão, as chances de sofrerem danos físicos é muito grande", finaliza o especialista.

Fonte: Redação Terra
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