Novo método de usar sal em nuvens para conter o aquecimento do mar é promissor mas exige cautela, avaliam cientistas
Estudo destaca necessidade de programa de pesquisa para compreender os riscos e a viabilidade do método de controle de radiação solar
MCB é um método que tem gerado interesse como uma solução para as mudanças climáticas, mas alerta é feito para que sejam feitas cautelosamente devido aos possíveis impactos negativos significativos. É necessário a realização de estudos laboratoriais, experimentos em campo e de modelagem de nuvens.
Um método recente, conhecido como Marine Cloud Brightening (MCB), tem gerado interesse entre os cientistas como uma possível solução para atenuar os efeitos das mudanças climáticas, especialmente no enfrentamento do aquecimento global.
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Esse processo envolve a introdução de partículas de aerossol nas nuvens marítimas para ampliar sua capacidade de refletir a radiação solar, visando reduzir a quantidade de energia absorvida pelo oceano, o que poderia mitigar o aumento das temperaturas marítimas.
A proposta consiste em utilizar um barco para pulverizar água do mar na atmosfera por meio de um spray enquanto navega pelo oceano. As gotículas de água evaporariam, gerando partículas de aerossol finas que seriam transportadas pelo ar até alcançar as nuvens.
A nova técnica deve ser complementada por esforços para reduzir a emissão de gases poluentes, incluindo a diminuição da dependência de combustíveis fósseis. Com o avanço das mudanças climáticas, há um aumento no interesse em explorar métodos de intervenção na natureza, como evidenciam estudos recentes.
No entanto, um artigo recentemente publicado na revista Science Advances enfatiza a necessidade de cautela em relação a essa técnica, apontando para os potenciais impactos negativos que podem ocorrer.
Riscos e incertezas
Embora a técnica possa ser eficaz, ela é uma das que apresentam maior incerteza devido à escassez de dados e informações. O artigo destaca os riscos envolvidos, alertando que possíveis erros poderiam desencadear alterações nos padrões climáticos e nos regimes de chuva em várias regiões, impactando populações e prejudicando ecossistemas vulneráveis.
Os autores do artigo sugerem um programa abrangente de pesquisa em MCB, que incluiria estudos laboratoriais, experimentos em campo e modelagem de nuvens. No entanto, atualmente, há poucas instalações laboratoriais adequadas para preencher essas lacunas.
“O interesse no MCB está crescendo, mas criadores de políticas públicas não tem atualmente a informação que precisam para chegar a decisões sobre quando e se o MCB deve ser colocado em prática”, afirma o autor e líder do estudo, Graham Feingold, pesquisador no Laboratório de Ciências Químicas da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
A pesquisa reuniu várias visões de uma discussão realizada em abril de 2022 por 31 cientistas que trabalham na área de aerossol-nuvem-radiação. O objetivo era revisar questões, avaliar e elaborar um plano de pesquisa para o MCB. Os resultados dessa discussão foram publicados em março deste ano.
Os cientistas concordaram que, para obter informações suficientes e verificar a viabilidade do MCB, são necessários estudos de campo combinados com monitoramento remoto por satélite.