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O que os animais selvagens fizeram durante a pandemia de Covid-19?

Cientistas espalharam câmeras por 21 países para analisar comportamento animal e humano durante o período; resultado impressiona

1 abr 2024 - 05h00
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Linces na flores
Linces na flores
Foto: Getty

A pandemia de coronavírus (2020-2023) pegou o mundo de surpresa. É comum pensar que os animais silvestres respiraram aliviados sem a presença humana para incomodá-los. Porém, um estudo publicado na Nature Ecology & Evolution na última segunda-feira, 25, mostra que o caso não é tão simples assim. Alguns ficaram mais ativos, outros mais quietos, outros desenvolveram hábitos noturnos e por aí continua. 

"Tivemos uma noção um tanto simplista: humanos param, animais respiram felizes e se movem mais naturalmente", afirmou Cole Burton, ecologista de vida selvagem e biólogo da conservação da Universidade da Colúmbia Britânica, que liderou a pesquisa. "Mas o que vimos foi bem diferente".

Armadilhas fotográficas espalhadas por 21 países, a maioria na América do Norte ou Europa, mas também na América do Sul, África e Ásia, permitiram que os cientistas estudassem padrões de atividades de 163 espécies de mamíferos e monitorassem seu comportamento em relação a presença humana.

Apesar de a presença humana ter diminuído em alguns lugares na quarentena --como nas grandes cidades--, aumentou em outras regiões --como nos campos. Muitas famílias buscaram se isolar em casas no interior ou sítios para fugir dos grandes centros, essa movimentação alterou a vida e modos dos animais.

No período da quarentena, por exemplo, carnívoros, como lobos e linces, mostraram uma queda na atividade. Os especialistas acreditam que eles ficaram receosos com a presença humana. É comum pensar que predadores poderiam começar a causar problemas, porém, estes animais são cautelosos.

Veado na estranda de noite
Veado na estranda de noite
Foto: Getty

"Carnívoros, especialmente os maiores, têm essa longa história de antagonismo com as pessoas", afirmou Burton. "As consequências de um carnívoro predar uma pessoa frequentemente significou a morte a ele".

Em contrapartida, herbívoros, como veados e alces, tiveram pico de atividade durante a pandemia, principalmente quando tinha humanos por perto. Os cientistas avaliaram duas possibilidades. A primeira é: com os humanos afastando predadores, os herbívoros começaram a se aproximar para usar as pessoas como escudos, assim ficou mais seguro sair e buscar comida. A segunda é: com os humanos invadindo o espaço selvagem, ficou difícil não se deparar com eles no meio da floresta para se movimentar.

"Os herbívoros tendem a ser um pouco menos temerosos das pessoas, e eles podem usá-los como um escudo contra os carnívoros", disse Marlee Tucker, ecologista da Universidade Radboud, na Holanda, que não esteve envolvida na pesquisa.

Enquanto nos campos e em áreas rurais alguns animais ficaram mais quietos, nos grandes centros os mamíferos selvagens ficaram mais ativos. "Isso foi um pouco contraintuitivo e surpreendente", disse Kaitlyn Gaynor, ecologista de vida selvagem e bióloga da conservação na Universidade da Columbia. "Analisamos mais de perto e percebemos que grande parte dessa atividade ocorreu à noite. Os animais ficaram noturnos".

Os pesquisadores sugerem que os animais poderiam estar atraídos pelos recursos humanos, como comida e lixo, e estavam deslocando suas expedições para o período noturno a fim de reduzir o risco de encontrar pessoas. "Isso parece ser uma adaptação dos animais para conviver com as pessoas", disse Burton. "São os animais trabalhando para fazer a sua parte na coexistência".

Fonte: Redação Terra
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