O racismo ambiental em tragédias climáticas
Especialista aponta como a crise climática afeta desproporcionalmente populações vulneráveis
Diante da crise climática vivida pela população do Rio Grande do Sul, um recorte se faz necessário: o do racismo ambiental. Compreenda essa análise a partir do olhar de Thales Vieira, doutorando em sociologia e co-diretor executivo do Observatório da Branquitude. Trata-se de uma organização da sociedade civil que se dedica a construir e disseminar conhecimento com foco nas estruturas de poder materiais e simbólicas da branquitude, alicerces em que as desigualdades raciais se apoiam. Confira no vídeo acima.
Segundo análise dos especialistas da instituição, os diferentes impactos sofridos pelas populações afetadas por esses desastres ambientais é também uma demonstração do racismo ambiental. “A votação do projeto de lei 3.334/2023 que modifica o Código Florestal brasileiro para reduzir a área de preservação da Amazônia Legal de 80% para 50%, permitindo o aumento do desmatamento, têm em sua essência um caráter racista, visto que os detentores do poder para agir ativamente sobre esse tema são, em sua maioria, pessoas brancas e privilegiadas”, de acordo com o Observatório da Branquitude.
“A responsabilidade da branquitude na eternização da desigualdade climática é um ponto crucial da discussão, visto que essa estrutura de poder mantém uma série de privilégios materiais e simbólicos mesmo diante da emergência em que o planeta se encontra. Enquanto, as pessoas que menos impactam o ambiente são as que mais sofrem: as populações negra, indígena, quilombola e ribeirinha”.
Na análise da entidade, desafios ambientais como os enfrentados atualmente exigem soluções que priorizem as populações mais afetadas que no dia a dia já lidam com dificuldades urbanas como o acesso à água potável, saneamento básico e falta de energia elétrica. “Não será possível estabelecer acordos que sejam realmente efetivos e que minimizem o impacto para os mais vulneráveis, sem colocar uma lupa sobre o papel da branquitude na alimentação da desigualdade”. Assista ao vídeo acima.