Prefeitura de Porto Alegre foi alertada em 2018 sobre risco de falha no sistema contra enchente, diz jornal
Alerta, que constava em parecer técnico, apontava risco de falhas no sistema de bombeamento em caso de cheia do rio Guaíba
A Prefeitura de Porto Alegre foi alertada em 2018 sobre o risco de falhas no sistema de bombeamento da região central, caso o nível do rio Guaíba ultrapasse a cota de inundação de 3 metros. A informação estava em um parecer técnico elaborado por funcionários municipais em setembro daquele ano.
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O rio atingiu sua máxima histórica no início deste mês, quando chegou a 5,33 metros. O nível, porém, ainda está mais de 1,50 metro acima da cota de inundação, que é de 3 metros.
O documento, obtido pela Folha de S.Paulo, é assinado por dois engenheiros da gestão municipal, que destacaram a necessidade de revisar o projeto de parte do sistema de prevenção de cheias devido a uma possível "falha na proteção". Os técnicos referiam-se a duas casas de bombas projetadas para escoar a água da chuva do centro da cidade para o lago Guaíba.
De acordo com os engenheiros, a única barreira contra o transbordamento da água captada abaixo do piso era uma tampa de ferro comum. No entanto, o ideal seria um sistema estanque com vedação adequada para suportar a pressão em caso de cheias.
"A cota do piso é 3,30m, logo em situações onde o nível do Guaíba supere esta cota é provável que ocorra extravasamento para a área interna da estação", diz trecho do documento.
Em novembro do ano passado, após o transbordamento do rio, um novo parecer foi enviado. "Informamos que ocorreram grandes dificuldades na operação das unidades citadas, quando o Guaíba passou da marca de 3,2 m, em especial quando passou de 3,4 m, ponto onde se observou o limite para o acionamento das bombas com segurança", diz trecho do documento
Em nota, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), informou que a instalação de tampas herméticas nas casas de bombas 17 e 18 está na "fase de viabilidade técnica para a elaboração do projeto".
Engenheiros hídricos e ambientais apontam que a paralisação do sistema de bombeamento agravou a inundação do centro histórico de Porto Alegre e dos bairros Menino Deus, Cidade Baixa e Sarandi. Das 23 estações instaladas na cidade, apenas 3 permaneceram em funcionamento nos primeiros dias após as fortes chuvas.