Sapo é encontrado com boca colada e passa por cirurgia; MP investiga suspeita de ritual
Anfíbio está internado no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (UPF), que denunciou o caso para o Ministério Público
Um sapo-cururu fêmea foi encontrada com a boca colada no Rio Grande do Sul e precisou passar por cirurgia no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (UPF), onde segue internada sob cuidados, em processo de recuperação.
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Segundo informações do hospital ao Terra, o anfíbio foi localizado por uma moradora do bairro São Cristóvão, em Passo Fundo, e levado à equipe veterinária da universidade.
Conforme a professora Michelli Ataíde, coordenadora do Grupo de Estudos de Animais Silvestres (Geas) da UPF, o animal chegou ao hospital em estado bastante debilitado. Além da boca colada, foi necessário remover objetos encontrados em seu estômago.
O hospital não revelou o tipo de objeto achado no estômago do animal, mas o Ministério Público, que investiga o caso, relatou que foi 'observada a presença de cabelo e outros elementos que permitem identificar que o animal foi submetido a maus-tratos'.
Estima-se que o sapo tenha ficado cerca de três dias com a boca colada, apresentando sinais de desnutrição e desidratação. No hospital, o animal foi estabilizado, hidratado e recebeu nutrição intravenosa. Em seguida, iniciou-se o processo de remoção da cola, que levou cerca de 18 horas.
Após a retirada da cola, a equipe de veterinários realizou exames e constatou, por meio de raio-X, a presença de um corpo estranho no estômago. Assim, o sapo precisou passar por uma cirurgia para desobstrução.
“Avaliamos assim que chegou. Precisamos, antes de tudo, hidratar ela. Então, sedamos para conseguir abrir a boca e tirar a cola. Contudo, quando retiramos a cola, percebi que a boca estava bem machucada. Fizemos um raio X e constatamos que o estômago dela estava compactado, sendo necessária a cirurgia”, explicou Michelli.
Atualmente, o sapo-cururu está em recuperação. De acordo com Michelli, o processo é lento, mas o animal apresenta boa evolução. “Ela está se recuperando e já está se alimentando. A recuperação é bastante demorada nos répteis e anfíbios, então, ainda vão alguns dias. Estamos cuidando da ferida, ela está tomando analgésicos, antibióticos, a ferida cirúrgica também está evoluindo, ela está sendo alimentada e está correspondendo bem”, complementou.
O caso foi denunciado ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), que investigará a situação. Segundo o promotor de Justiça do Meio Ambiente da cidade, Paulo Cirne, “é uma forma de ritual, situação já verificada em outras cidades, mas pela primeira vez em Passo Fundo. Uma prática considerada maus-tratos, já que o animal, se não fosse atendido, iria a óbito. Então, o MPRS vai averiguar a situação”.
Cirne ressaltou que “é um fato difícil de identificar a autoria, porém, é muito importante a divulgação desses casos para que todos saibam que isso caracteriza crime de maus-tratos previsto na Lei 9.605/98, com pena prevista de três meses a um ano de prisão e multa. O fato será alvo de investigação e, caso se chegue à autoria, essa pessoa responderá a um processo criminal”.