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Secretário de Mudanças Climáticas critica plano para conter aquecimento global: "Planeta se salva sozinho"

Fala de Antonio Fernando Pinheiro Pedro foi feita durante o encontro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do estado de São Paulo

13 jul 2023 - 14h15
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Antonio Fernando Pinheiro Pedro, secretário de Mudanças Climáticas do município de São Paulo, se mostra resistente sobre medidas para conter aquecimento global.
Antonio Fernando Pinheiro Pedro, secretário de Mudanças Climáticas do município de São Paulo, se mostra resistente sobre medidas para conter aquecimento global.
Foto: Nando Costa/Pauta Fotográfica

Antonio Fernando Pinheiro Pedro, secretário-executivo de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, fez duras críticas ao levantamento sobre o aquecimento global, apresentado no relatório de Plano de Ação Climática do Município de São Paulo (PlanClima SP). O estudo, realizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), foi debatido durante o evento com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do estado de São Paulo, nesta quarta- feira, 13.  A reportagem é do jornal Folha de São Paulo.

O encontro para apresentar os resultados das centenas de estudos desenvolvidos sobre o tema não agradaram o secretário, que quis se opor aos dados revelados segundo a pesquisa. Durante a discussão, ele afirmou que o “planeta se salva sozinho” do aquecimento global e que a Terra não será salva pelas pessoas.

“O planeta não será salvo por nós. Ninguém salva o planeta Terra. Geralmente, ele se salva sozinho. Ele o faz a quatro bilhões e trezentos milhões de anos, e muda o clima em todo esse período. Quando o planeta se salva, ele geralmente se livra do que está na superfície dele. Já o fez várias vezes”, disse. “Nós somos parte do problema para a vida na Terra neste momento, mas a nossa solução é muito pequena. Os fatores são de ordem geológica, cósmica e solar”, disse.

O secretário foi rebatido pela procuradora federal Georgia Sena Martins, doutora em Geociências pela Unicamp, que o chamou de “negacionista”. “O que o senhor está falando não tem qualquer fundamento científico. O senhor está falando com base em achismos. Estamos em um fórum de mudanças climáticas e o senhor está negando as mudanças climáticas e falando um rosário de besteiras.”

Entre as falas negacionistas durante sua participação no evento sobre o aquecimento global, o secretário reforçou que as mudanças climáticas extremas não são provocadas por ação humana. "Se faz importante fazer com que a gente resguarde nossos cidadãos face aos eventos extremos que sofremos — e que não seguem o calendário juliano, obviamente. Seguem o calendário que advém do próprio comportamento geológico do nosso planeta”, endossou.

Em contrapartida, os dados coletados em 2021, por uma análise de quase 90 mil artigos científicos do IPCC, revelou que 99,9% dos estudiosos mundiais concordam que as mudanças climáticas atuais são causadas pela emissão de gases de efeito estufa humano ( dióxido de carbono, metano e óxido nitroso).

Ainda para os pesquisadores, para que o mundo contenha o aquecimento global em até 1,5°C, é necessário a redução de 48% das emissões de gases-estufa até 2030. Inclusive, a década presente é vista como crucial para conter ou amenizar o problema futuramente.

Poluição do ar em São Paulo

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) Meio Ambiente mostram que 75% das emissões globais de CO₂ vêm das cidades, mas para o secretário, a redução das emissões de carbono com base no plano climático municipal, influencia somente no microclima e não para um cenário global.  "No nível global, pode ser que melhore. A nível local é fundamental."

Para um dos membros do IPCC, o físico Paulo Artaxo, o secretário está fazendo pouco caso do conhecimento científico. "A comunidade científica alerta sobre os impactos climáticos das emissões de gases de efeito estufa desde a Conferência de Estocolmo, ocorrida 50 anos atrás", explica.

"É preocupante uma cidade importante como São Paulo ter em seus quadros uma pessoa que não se alinha ao seu próprio papel, que é trabalhar para que a cidade seja mais resiliente às mudanças do clima, e que faça a sua contribuição para reduzir as emissões de gases de efeito estufa", avalia.

A Secretaria do Governo foi procurada pela reportagem, mas o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes não se pronunciou sobre as declarações.

Em nota, a gestão afirma que "desenvolve amplo programa de combate às mudanças climáticas, conservação de áreas verdes e recuperação de áreas em mananciais". "Os resultados alcançados evidenciam o acerto dessa política, com o aumento da cobertura de vegetação do município, que subiu de 48% para 54,13% do seu território".

Fonte: Redação Terra
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