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Artista faz intervenção para chamar atenção para poluição em rio de São Paulo

19 set 2014 - 00h11
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Arranha-céus de multinacionais e hotéis de luxo onde se hospedam governantes estrangeiros em São Paulo rodeiam um dos rios mais poluídos do Brasil, o Pinheiros, onde agora intervenções artísticas tentam denunciar a contaminação nas águas escuras onde o oxigênio é zero e o cheiro nauseabundo.

O artista plástico Eduardo Srur montou a obra "Trampolim" em quatro pontes estratégicas sobre o rio Pinheiros, simulando um banhista antes de saltar na piscina, mas nesse caso a água é escura e putrefata.

"A arte tem capacidade de reativar a consciência coletiva e aproximar as pessoas de uma nova realidade", disse o artista, que se prepara também para posicionar onças infláveis na beira do rio como parte de seu protesto, além de manequins no papel de mergulhadores.

A intervenção que durará 60 dias faz parte da campanha pelo Dia Mundial da Limpeza de Rios e Praias que é lembrado em 20 de setembro.

Os três rios principais de São Paulo, Pinheiros, Tietê e Tamanduateí, estão contaminados por falta de saneamento básico que impossibilitam por enquanto não só seu uso como área de lazer, mas também sua navegabilidade.

"Nossa iniciativa é chamar a atenção não apenas para os rios principais, mas para toda a rede hídrica que levam resíduos aos rios", disse à Agência Efe Stela Goldenstein, diretora de Águas Claras do Rio Pinheiros, entidade organizadora da campanha.

Para a especialista, o Pinheiros, com 25 quilômetros de extensão, começou a ser degradado na década de 1930, quando começou em São Paulo a ocupação do solo em grande escala pela industrialização do país.

Os três níveis de governo - municipal, estadual e federal - têm responsabilidade, segundo ela, na situação do rio, que serviu na primeira parte do século XX como palco de competições de regatas e de diversão familiar, como praia fluvial.

A chave para recuperá-lo está no "saneamento básico" das ocupações irregulares para evitar que os resíduos dos bairros irregulares desemboquem no rio, segundo a especialista.

"Outra parte é a dos municípios, que devem coletar o lixo das ruas de forma eficiente para evitar que caiam nos rios através da rede urbana de esgoto", disse Goldenstein.

A especialista propôs ainda que uma parte da represa hidrelétrica Billings possa abrir seus diques para inflar de água limpa o rio Pinheiros, para iniciar sua recuperação.

"Se paramos de lançar poluentes, as águas se recuperam, têm um alto grau de recuperação", comentou Goldenstein, acrescentando que o caso do Pinheiros é único pela quantidade de população que o rodeia e o pouco caudal que possui.

Por fim, para comprovar que a recuperação do Pinheiros é possível, a especialista citou casos de rios urbanos recuperados como em Seul, Coreia do Sul, e o Tâmisa, em Londres.

EFE   
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