Ausente da Cúpula da Amazônia, presidente da França reforça barreira que trava acordo com o Mercosul
Emmanuel Macron declinou do convite para se juntar a líderes dos países amazônicos em Belém
O presidente francês Emmanuel Macron declinou do convite para se juntar a líderes de Estado dos países amazônicos na Cúpula da Amazônia, que começou nesta terça-feira, 8, em Belém, no Pará. No entanto, reforçou, em uma rede social, sua posição sobre a conservação da floresta e o estabelecimento de barreiras comerciais que, por exemplo, travam o acordo União Europeia-Mercosul e desagradam ao governo brasileiro.
Macron utilizou a rede para escrever que "as florestas são absolutamente essenciais na luta contra o aquecimento global e a perda de biodiversidade. Mas somente em 2022, cerca de quatro milhões de hectares de floresta tropical primária foram perdidos".
De acordo com ele, a França foi, de fato, "uma força motriz por trás da decisão histórica da União Europeia de não mais contribuir para o desmatamento importado" - o que significa deixar de comprar produtos de países que ao produzi-los causam desmatamento.
As florestas são absolutamente cruciais para lutar contra o aquecimento global e contra a perda de biodiversidade.
Entretanto, apenas em 2022, perdemos quatro milhões de hectares de florestas tropicais primárias.
É urgente cessar, de uma vez por todas, com o desmatamento.…
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) August 8, 2023
Em abril deste ano, a União Europeia aprovou uma lei que proíbe os países do bloco de comprarem produtos que resultam da destruição do meio ambiente. O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, por sua vez, foi firmado em junho de 2019, depois de duas décadas de negociação.
A ratificação do texto e a implementação do acordo ficaram congeladas durante o governo Jair Bolsonaro. Durante esse período, o bloco apresentou uma carta adicional com exigências ambientais para o pacto ser firmado.
Apesar do destravamento das negociações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou o que chamou de "ameaça" da UE. Em junho, ao discursar na cúpula do Novo Pacto Financeiro Global, ao lado de Macron, o presidente brasileiro afirmou que gostaria de assinar o acordo, mas as exigências da carta - que transformam em obrigação metas estabelecidas de forma autônoma pelo Brasil - estão travando a conclusão.
"Estou doido para fazer o acordo com a União Europeia, mas não é possível, a carta adicional não permite que se faça um acordo. Não é possível a gente ter uma parceria estratégica e fazer uma carta fazendo ameaça a um parceiro estratégico", afirmou Lula.
Nesta terça-feira, em sua rede social, Macron afirmou que vem promovendo um modelo com países africanos que concilia a preservação ambiental com o desenvolvimento econômico "pagando pelos serviços que países com florestas e suas populações fornecem ao resto do mundo". Segundo ele, esse é o modelo que será levado à COP-28, em novembro.
Após dizer que a França promoverá o modelo adotado em países africanos na COP -28, Macron conclui que "até lá, façamos o possível para proteger essas reservas vitais de carbono e biodiversidade no interesse dos países com florestas, de suas populações e do mundo inteiro".