Bicicletas elétricas de Madri: mudança ou risco de vida?
Os políticos afirmam que o sistema de bicicletas elétricas compartilhadas de Madri, previsto para ser lançado este mês, pode mudar a vida dos madrilenhos, mas outros alertam que pode representar um risco de vida.
A capital espanhola quer se igualar à rival, Barcelona, e a outras cidades europeias como Paris e Londres, ao fornecer centenas de bicicletas para aluguel, com o 'plus' de possuírem motores para ajudar os ciclistas a subir ladeiras.
Postos com cerca de 1.500 bicicletas elétricas começaram a aparecer no entorno do centro da capital espanhola esta semana, mas o lançamento do serviço, previsto para 1º de maio, foi adiado para uma data ainda não confirmada.
O taxista Juan Gutierrez, de 54 anos, disse ter ouvido falar do sistema apenas uma semana antes de os postos de serviço começarem a ser montados. Ele balançou a cabeça negativamente ao saber que terá que dividir ruas estreitas com mais bicicletas.
"As pessoas em Madri valorizam demais a vida para andar de bicicleta aqui. É muito perigoso", contou.
"Se o carro que derrubá-lo não matá-lo, o de trás o fará", prosseguiu.
Do outro lado da rua, o pedestre Antonio Martin, de 78 anos, olhava curioso para um novo posto, um dos 120 que estão sendo montados na primeira fase do projeto "BiciMad".
"Eu acho ótimo para o meio ambiente, para o trânsito e tudo mais", disse. "Ainda mais, quando o tempo estiver bom, será fantástico", prosseguiu.
A prefeitura lançou uma "campanha de conscientização" antes de colocar as bicicletas na rua e a prefeita conservadora Ana Botella, do Partido Popular, admitiu que ajustes são necessários.
"Motoristas, pedestres e ciclistas precisam fazer um esforço para compartilhar o espaço público em benefício de todos, respeitando uns aos outros", afirmou a prefeita em abril.
Para Pascual Berrone, da escola de negócios de Madri IESE, os espanhóis estão ansiosos para ter suas bicicletas, mas parecem relutantes em usá-las na cidade por razões de segurança.
As vendas de bicicletas na Espanha superaram recentemente as de carros, admitiu. Mas no centro de Madri poucas pessoas usam suas bicicletas devido à falta de ciclovias dedicadas, contínuas e de outras estruturas.
"Há locais onde é muito fácil andar de bicicleta, mas há outros extremamente perigosos. Costuma ser assustador andar de bicicleta em Madri", afirmou.
O serviço "BiciMad" segue projetos semelhantes em cidades espanholas, como Barcelona, o parisiense "Velibs" e o londrino "Boris bikes".
Construídas e instaladas pela empresa basca espanhola BonoPark, sob um contrato de EUR 25 milhões (US$ 35 milhões), as bicicletas de Madri terão motores elétricos para ajudar a impulsioná-las quando os pedais forem acionados.
A prefeitura informou que o uso de bicicletas em Madri aumentou 17% entre 2012 e 2013. A capital espanhola tem atualmente mais de 300 km de ciclovias e prometeu construir mais 70 km.
"Durante anos, andar de bicicleta no centro de Madri era um sonho no qual poucas pessoas acreditavam", afirmou a prefeita Botella no mês passado.
"Hoje, realmente, é uma boa alternativa ao uso do carro particular, uma possibilidade que completa o transporte público", prosseguiu.
A prefeitura acredita que o programa de compartilhamento de bicicletas na capital espanhola "vai mudar os hábitos dos motoristas e melhorar a coexistência entre diferentes formas de transporte".
Enquanto isso, informou que a polícia tem reprimido violações de trânsito relacionadas com bicicletas. Policiais puniram dezenas de ciclistas e centenas de motoristas nas últimas semanas.
"Madri tem uma boa base, mas falta infraestrutura e precisa educar os motoristas. Madri tem melhorias a fazer", disse Berrone.
"Mas se você concordar que pode melhorar o fluxo de tráfego na cidade e ajudar as pessoas a ficarem mais saudáveis e a respirar um ar mais puro, então este é um investimento que você tem que fazer", afirmou.