Bolsonaro diz que dinheiro do G-7 para Amazônia é "esmola"
Presidente voltou a afirmar que não há anormalidade nas queimadas da Amazônia
O presidente Jair Bolsonaro chamou de "esmola" a ajuda oferecida pelos países do G-7 para combater a crise ambiental na Amazônia Legal. "Tivemos um encontro na terça-feira com governadores da região amazônica. E ali, só um falou em dinheiro, aquela esmola oferecida pelo Macron (presidente da França). O Brasil vale muito mais que 20 milhões de dólares", disse ele em transmissão nas redes sociais nesta quinta-feira (29).
Bolsonaro ainda disse que o presidente da França, Emmanuel Macron, fez um escarcéu e o acusou de mentiroso na reunião do G7. "E depois de duas coisas gravíssimas. Colocou em jogo a nossa soberania na Amazonia".
O presidente afirmou que há semanas disse que "alguns países estavam comprando o Brasil a prestações". "Já gastaram mais de R$ 1 bilhão. Pergunto: o que fizeram com esse dinheiro. Me aponte um hectare replantado, uma ação positiva. Nada". Segundo o presidente, "grande parte" destes recursos vai para ONGs, "para colocar no bolso".
"Alguma parte (do recurso) era sim para material de combate a incêndio, etc. Mas essa grana era usada por 'ONGueiros'", afirmou. "Por isso essa bronca. O problema não é desmatar, é desmamar esse pessoal", disse Bolsonaro.
Bolsonaro também voltou a defender que não há anormalidade nas queimadas da Amazônia e que, se depender dele, novas demarcações de terras não serão feitas.
Presente na conversa, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse que demarcações já feitas devem ser revisadas, pois haveria "provas, denúncias" de que houve fraude em terras indígenas. O presidente decidiu enviar nove ministros da sua equipe para a Amazônia na semana que vem.
O presidente reiterou que deseja "legalizar o garimpo". Disse ainda que, "se o índio quer (garimpo), vamos atender interesse do índio".
Bolsonaro disse que terá reunião em Letícia, na Colômbia, com países amazônicos para pensar em plano sobre desenvolvimento da floresta e soberania dos países que compartilham a região.
Nove ministros embarcam na próxima semana para a Amazônia
Bolsonaro decidiu enviar nove ministros à Amazônia na próxima semana para discutir a crise ambiental com governadores da região. A primeira etapa do encontro será em Belém, na segunda-feira, 2, e a segunda em Manaus, na terça-feira, 3. Participam da comitiva os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira; da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; da Defesa, Fernando Azevedo; da Agricultura, Tereza Cristina; do Meio Ambiente, Ricardo Salles; da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves; de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Na última terça, os governadores da região amazônica estiveram no Palácio do Planalto para reunião aberta com Bolsonaro. Segundo Lorenzoni, o objetivo agora é ir até a eles para "ouvir as demandas" de cada Estado e buscar soluções. "Queremos equilibrar preservação com produção", disse.
Nesta quinta, após evento no Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, que fará parte da comitiva, disse que o governo pode incluir a regularização do garimpo e a exploração de terras protegidas nas medidas que serão tomadas com a justificativa de "desenvolver a região". "É possível. Todo mundo quer isso. Os índios querem isso, as pessoas querem isso, isso esta sendo estudado. da melhor maneira possível, observando a legislação e a viabilidade", declarou.
Como forma de reagir às críticas de outros países, Bolsonaro autorizou na semana passada o envio das Forças Armadas para as regiões afetadas pelos incêndios. Batizada de Verde Brasil, a operação tem sido usada como forma de mostrar ao mundo que o governo não está parado e que tem atuado para conter as queimadas.
Em setembro, também está previsto um encontro entre os presidentes dos países amazônicos para discutir as queimadas e formas de preservar as florestas. Na reunião, que será em Leticia, na Colômbia, no próximo dia 6, o governo brasileiro também pretende incluir formas de facilitar a exploração das terras.
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