Bolsonaro volta a atacar países: "O interesse é no minério"
Presidente garantiu pessoalmente a garimpeiros que, se houver amparo legal, enviará militares para atuação em Serra Pelada
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a criticar nesta terça-feira, 1º, o interesse de outros países na Floresta Amazônica. "O interesse na Amazônia não é no índio e nem na 'p...' da árvore, é no minério", afirmou Bolsonaro a um grupo de garimpeiros que o esperava no Palácio do Planalto, em Brasília.
Bolsonaro disse ao grupo que, se houver amparo legal, vai enviar as Forças Armadas para atuar na região de Serra Pelada, no sul do Pará, e assegurar a exploração mineral no local.
Os representantes da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) estão desde cedo em Brasília para tentar conversar com o presidente. Mais cedo, foram ao Palácio da Alvorada, mas não puderam entrar. Depois, no Palácio do Planalto, foram atendidos pessoalmente por Bolsonaro, que conversou por cerca de dez minutos com os integrantes da cooperativa na entrada da sede do governo.
Críticas à Vale e suposta propina que 'corre solta'
No encontro, os garimpeiros reclamaram da mineradora Vale, que atua na região. Segundo Bolsonaro, a empresa "abocanhou" o direito mineral no Brasil no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2003).
"Esse é um País que é roubado há 500 anos. A gente conhece o potencial mineral do Brasil. Eu sei como a Vale do Rio Doce abocanhou, no governo FHC, o direito mineral no Brasil. Um crime, um crime o que aconteceu", disse o presidente.
O presidente também disse que é uma "covardia" o que fazem com garimpeiros no Brasil e insinuou que há pessoas que pagam propina para encobrir ilegalidades.
"Está aí o mundo falando e muitas vezes criticando garimpeiros. É uma covardia que fazem com o meio ambiente de vários países do mundo. Faz aqui dentro do Brasil, ninguém toca no assunto porque a propina, pelo que parece, corre solta", declarou.
No encontro com garimpeiros, Bolsonaro afirmou ainda que há muitos problemas no Brasil e que "perde o sono" pensando em soluções e que daria uma resposta "ainda hoje" para as reivindicações dos garimpeiros, que pedem uma intervenção de militares na região de Serra Pelada.
"Tenho que cumprir a lei. Digo para vocês, se tiver amparo legal, eu boto as Forças Armadas lá. Não vou prometer para vocês porque não posso", disse.
O presidente afirmou ainda ter pedido ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para buscar "alternativas" que ajudem os garimpeiros junto à Agência Brasileira de Mineração.
"Se tiver alternativa, a gente vai até o final da linha", afirmou. "Não vou oferecer milagre para ninguém aqui, mas se tiver alternativa, se tiver meios, porque o presidente pode muito, mas não pode tudo, a gente soluciona o problema de vocês."
Bolsonaro afirmou que são muitos os problemas no País.
"Quis Deus que eu estivesse aqui. Como pode país rico como o nosso, tem toda tabela periódica embaixo da terra e continuar vendo vocês aqui sofridos? Há mais de 30 anos, desde que cheguei no Parlamento, em 1991, sei que vocês brigam por isso", disse o presidente. "Sei que foram felizes no tempo do (ex-presidente João Baptista de Oliveira) Figueiredo."
Vídeo de cientista russo e novas críticas a Raoni Metuktire
Em vários momentos da conversa, Bolsonaro disse que divulgará um vídeo de um cientista russo que poderia "abrir a cabeça da população" sobre interesses na floresta amazônica.
Embora não tenha citado o nome do cientista, no início do mês, Bolsonaro recebeu o russo Konstantin Novoselov, Prêmio Nobel de Física em 2010, por seu trabalho com o grafeno.
Ele também voltou a criticar o líder indígena Raoni Metuktire, da etnia Caiapó, citado pelo presidente no discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.
"Raoni fala pela aldeia dele, fala como cidadão, não fala por todos os índios. (Ele) É outro que vive tomando champanhe em outros países por aí, esse tal de Raoni", declarou Bolsonaro.
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