Cidade de SP debate política ambiental em primeira edição de evento pré-COP 26
Em dois dias, evento vai apresentar temas que serão discutidos durante conferência que será realizada em Glasgow no próximo mês
SÃO PAULO - Os principais temas ligados à Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática, a COP-26, que será realizada no próximo mês em Glasgow, na Escócia, serão focos de debate nesta quinta-feira, 7, e na sexta-feira, 8, durante um evento da Secretaria Municipal de Relações Internacionais. A ideia é abordar a política ambiental da cidade, mobilidade urbana, saneamento básico e educação ambiental.
A primeira edição da pré-COP 26 terá formato híbrido, seguindo padrões adotados durante a pandemia de covid-19, e contará com a participação online da vice-prefeita de Meio Ambiente e Energia de Londres, Shirley Rodrigues, e de representantes de Manaus, Recife e Rio Branco.
Secretária Municipal de Relações Internacionais, Marta Suplicy diz que São Paulo já se baseia nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) em seu plano de metas e que a capital pode se apresentar como um exemplo para outras cidades não só no Brasil, mas no mundo.
"As pessoas não têm ideia de que São Paulo é uma cidade com 48% de vegetação. Está muito certo de que estamos atrasados, a Greta (Thunberg, ativista ambiental sueca de 18 anos) estava certa e muito pouco foi feito do Acordo de Paris (pacto climático firmado em 2015, que envolve 195 países) para cá. Tínhamos de ter menos de 2,5% de emissão de gases de carbono, mas temos de nos esforçar muito para chegar a 1%, 1.5%."
Marta explica que a iniciativa da pasta é mostrar que o tema tem de ser debatido por todas as secretarias. "A gente não é secretaria-fim, mas meio, porque falamos com todas as secretarias. Nessa questão do meio ambiente, já está muito claro que o assunto tem de ser colocado na pasta internacional. O pré-evento da COP 26 foi uma iniciativa nossa, porque o ambiente vai ser uma parte importante para todo o mundo no futuro. Temos metas que vamos cumprir e elas são muito ousadas. Além disso, tudo que São Paulo faz, as outras cidades confiam e reproduzem."
Segundo ela, a capital já trabalha com o projeto de ter mais de 700 escolas com energia solar, que também deve ser adotada em Unidades Básicas de Saúde (UBSs). "Inclusive, estamos estudando a implementação nos prédios públicos e fazer a remodelação do controle da eletricidade."
Outro projeto é trabalhar para ter uma frota de ônibus mais limpa. "Até 2024, estamos trabalhando para 20% da frota ser de ônibus elétricos e já temos um piloto com 18 ônibus. Para São Paulo é fundamental, porque 62% da poluição vem na mobilidade, principalmente de ônibus. Depois, até 2030, queremos chegar a 50% da frota."
Pária internacional
Marta diz que São Paulo também está se colocando como uma frente de resistência diante dos retrocessos na área ambiental que o País tem enfrentado, especialmente por causa das ações do governo federal. "O Brasil virou um pária internacional, queremos mostrar que São Paulo é um baluarte. São Paulo tem hoje uma presença muito grande na questão ambiental. Sempre podemos trazer uma coisa melhor para o País. Antes, quando o brasileiro viajava, era recebido com um sorriso. Com esse compêndio de retrocesso, tivemos a volta das queimadas, isso em um País que teve ícones como Marina Silva", diz ela.
"A nossa perda de status começou em 2019, culminou com (o presidente Jair) Bolsonaro e Ricardo Salles. Caiu a ficha quando teve o ataque ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia), principal órgão de monitoramento das queimadas", acrescenta a secretária e ex-prefeita.