COP-27: Últimos oito anos podem ter sido os mais quentes da história, alerta ONU
Estimativa é que intervalo entre 2015 e 2022 acumule temperatura média global 1,15°C acima dos níveis pré-industriais, segundo relatório provisório da Organização Meteorológica Mundial
Os últimos oito anos (2015-2022) se encaminham para ser os mais quentes já registrados na história, de acordo com relatório provisório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão das Nações Unidas (ONU). O boletim sobre o estado do clima estima que a temperatura média global esteja 1,15°C acima dos níveis pré-industriais, em 2022.
Ondas de calor extremas, secas e inundações devastadoras afetaram milhões e custaram bilhões neste ano, frisa o relatório. "Quanto maior o aquecimento, piores os impactos", alertou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em nota. "O clima cada vez mais extremo torna mais importante do que nunca garantir que todos tenham acesso a alertas precoces que salvam vidas."
O relatório considera dados registrados até setembro deste ano, de serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais e de instituições parceiras da ONU. O documento foi lançado neste domingo, 6, quando ocorreu a cerimônia de abertura da Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), no Egito, na qual a emergência climática foi a tônica do discurso.
The past 8 years are on track to be the 8th warmest. Extreme heatwaves, drought and devastating flooding affected millions and cost billions this year, and 2022 was disastrous for glacier melt. The negotiations at #COP27 must consider #StateOfClimate https://t.co/fXI9ebrl01 pic.twitter.com/cO6e1nB4Bv
— World Meteorological Organization (@WMO) November 6, 2022
De acordo com a OMM, um raro fenômeno La Niña permitirá que 2022 seja provavelmente "apenas" o quinto ou sexto ano mais quente já registrado. Porém, isso não reverte a tendência de longo prazo: o aquecimento continua.
O relatório também indica que as concentrações dos principais gases de efeito estufa - dióxido de carbono, metano e óxido nitroso - continuam a crescer. No ano passado, novamente, elas bateram recorde.
Os recordes de derretimento dos Alpes europeus, inclusive, foram quebrados em 2022. Perdas médias de espessura entre três e mais de quatro metros foram medidas, disse a agência internacional.
"Na Suíça, 6% do volume de gelo das geleiras foi perdido entre 2021 e 2022, de acordo com as medições iniciais. Pela primeira vez na história, nenhuma neve sobreviveu à temporada de verão, mesmo nos locais de medição mais altos e, portanto, não ocorreu acúmulo de gelo fresco", destaca o relatório.
Entre 2001 e 2022, o volume de gelo das geleiras suíças caiu para 49 quilômetros cúbicos - um declínio de mais de um terço.
Clima extremo
O relatório também cita eventos extremos vivenciados recentemente. Na África Oriental, a precipitação tem estado abaixo da média em quatro estações chuvosas consecutivas, com seca persistente. Por outro lado, chuvas recordes em julho e agosto levaram a grandes inundações no Paquistão.
Grandes partes da Europa sufocaram em repetidos episódios de calor extremo. O Reino Unido, por exemplo, registrou um novo recorde nacional, quando a temperatura ultrapassou os 40°C pela primeira vez.
*Com agências internacionais