Coral é mais barato que concreto para proteger cidades costeiras
Os recifes de coral são tão bons quanto as barreiras de concreto na proteção de cidades costeiras tropicais diante da elevação do nível dos mares, além de bem mais baratos, afirmam cientistas em um estudo publicado nesta terça-feira.
Ao invés de comprometer bilhões de dólares na construção de quebra-mares e paredões, muitas cidades tropicais deveriam pensar em conservar ou restaurar seus recifes de coral, afirmaram.
O artigo, publicado na revista Nature Communications, é publicado um dia depois do anúncio de outra pesquisa segundo a qual as geleiras do oeste da Antártica estão derretendo, um fenômeno que fará lentamente o mar subir ao longo dos séculos.
Cientistas chefiados por Michael Beck, da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, concluíram que os recifes de coral dissipam até 97% da energia que, de outra forma, as ondas imprimiriam na praia.
A extremidade do coral na direção do mar, chamada de crista, é, sozinha, responsável pela dissipação de 86% da energia.
Quase dois terços da energia remanescente é, então, absorvida pelo recife raso, a parte mais superficial do coral, que se estende para fora da praia.
Segundo o estudo, de modo geral, estes escudos naturais levam a uma redução do tamanho das ondas de 64%, em média, em comparação com uma redução de 30% a 70% alcançada por um sistema de quebra-mares.
A equipe de Beck também esboçou uma análise de custos: o preço médio de um projeto de quebra-mar tropical seria de US$ 197 milhões, em comparação com os US$ 129 milhões necessários para se recuperar um recife.
"Nós descobrirmos que restaurar corais é significativamente mais barato do que construir quebra-mares artificiais em ambientes tropicais", escreveram os pesquisadores.
Uma vantagem adicional vem do custo de longo prazo: "os corais têm o potencial de se auto-restaurar e, assim, custos de manutenção menores em comparação com estruturas artificiais".
De acordo com o estudo, cerca de 100 milhões de pessoas que vivem perto do mar em altitudes de menos de 10 metros poderiam se beneficiar da redução de riscos dos corais.
Indonésia, Índia e Filipinas respondem pela metade desta conta. Os Estados Unidos também estariam entre os 10 países que mais se beneficiariam.
Em setembro passado, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que reúne especialistas em clima das Nações Unidas, advertiu que os níveis do mar subiriam de 26 a 82 centímetros até 2100, impulsionados em parte pelo degelo e, parcialmente, pela expansão dos oceanos à medida em que aquecem.
Mas alguns especialistas consideram esta estimativa muito conservadora, à luz das descobertas sombrias publicadas na segunda-feira, segundo as quais a cobertura de gelo do oeste da Antártica está derretendo a um ritmo incontrolável.
Sridhar Anandakrishnan, professor de geociências da Universidade do Estado da Pensilvânia, disse que "algo como 90 centímetros" poderia ser um número provável.
A elevação dos mares afeta a costa e aumenta o impacto de inundações causadas por tempestades ou de ondas que são provocadas por furacões fortes que chegam à terra.