Depois de quase 20 dias, onça é capturada no Jardim Botânico da UFJF
O felino de 51,6 quilos e 1,81 de comprimento foi encontrado na noite de domingo; animal já se encontra em uma área de proteção ambiental, em Minas Gerais; local não foi divulgado por medidas de segurança
SÃO PAULO - O aparecimento de uma onça-pintada no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, chamou a atenção não somente de moradores da cidade, mas também de todo o País. Depois de quase 20 dias de buscas e orientação aos moradores, o felino foi capturado no último domingo, 12, às 20h27, no Jardim Botânico.
Segundo informações da entidade, os especialistas realizaram exames de sangue e de urina, colocaram um colar para seguir o monitoramento e garantiram que o animal é um macho. Ele está bem e em fase reprodutiva. Tem aproximadamente 4 anos, pesa 51,6 quilos e tem 1,81 de comprimento.
O animal já se encontra em uma área florestal ampla, em Minas Gerais, juntamente com outros quatro bichos da mesma espécie. Por medidas de segurança, o local não foi divulgado. A onça foi levada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), em uma caixa metálica, forrada com espuma. Durante o percurso, foi monitorada por veterinário do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio). Mesmo que não seja divulgada a localização, nas redes sociais, as pessoas pedem a divulgação de imagens do felino sendo solto em seu novo habitat e em segurança.
PEGADAS
O primeiro registro em vídeo da onça foi feito às 21h15 no dia 25 de abril pelo vigilante Wamildo Jesus Ribeiro nos arredores da sede administrativa do Jardim Botânico. No dia seguinte, a UFJF decidiu fechar temporariamente o Jardim Botânico.
No dia 27 de abril, foram encontradas pegadas e fezes no Jardim Botânico e no estacionamento da Igreja Batista Resplandecente Estrela da Manhã. Também tiveram registros em área urbana, em frente a um hotel, e proximidades do Bairro Industrial.
Além de curiosidade, o aparecimento do felino gerou receio em parte da população. Informações de como se portar foram passadas aos moradores e divulgadas nas redes sociais: "Se houver contato com o animal, mantenha a calma, afaste-se de frente, mantendo contato visual com o felino, levante os braços e dê espaço para que a onça fuja".
CAPTURA
Depois da realização de estudos, no dia 3 de maio, as armadilhas começaram a ser instaladas nos locais, onde o felino passou, entre elas, quatro armações de caixa com iscas dentro ficaram montadas à espera do animal. Neste domingo, após dez dias, a onça foi capturada pela equipe.
No dia 8 e 9 de maio, dois ataques a um galinheiro em uma casa no Bairro Parque das Torres.
No último sábado, 11, e também no domingo, no próprio dia da captura, pegadas também foram encontradas dentro do Jardim Botânico.
Na sexta-feira, 10, as quatro armações de caixas foram colocadas em pontos internos e externos do Jardim Botânico.
Outros seis laços também foram espalhados em outros locais por onde o felino passou, como a área da Mata do Krambeck.
Uma comissão organizou os trabalhos de busca que teve o acompanhamento e a atuação técnica do Cenap/ICMBio.
A comissão foi composta por sete instituições: Campo de Instruções do Exército Brasileiro em Juiz de Fora, Corpo de Bombeiros, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Estadual de Florestas (IEF/Cetas), Polícia Militar (incluindo a Polícia de Meio Ambiente), Prefeitura de Juiz de Fora e Universidade Federal de Juiz de Fora.
"O usual, conforme o professor da UFJF Artur Andriolo e outros especialistas disseram, é o felino não se expor como ocorreu nas duas últimas semanas. Tivemos a honra de ver este animal raro tão de perto. Mas ele é conhecido pelo mistério de se camuflar na paisagem, de caminhar sem ser notado. O espírito da floresta. Faz pensar que sumiu enquanto pode estar ao nosso lado", destacou o Jardim Botânico no Facebook.
Com relação a demora para capturar o felino, a entidade explicou que as onças são espertas e desconfiadas. Percebem até mesmo se o ambiente foi modificado. Se há odores de humanos, por isso, foi preciso algum tempo para estudar o caminho percorrido e quais armadilhas seriam utilizadas.
De onde veio? De acordo com a UFJF, não se sabe exatamente a origem, mas é provável que a onça tenha se dispersado da sua área natal, o que é um comportamento comum da espécie. Isso indica que entrou na fase de amadurecimento. Acredita-se que usou corredores ecológicos para chegar à Mata do Krambeck e ao Jardim Botânico.
Trabalho de conscientização. A captura do animal foi importante para manter sua sobrevivência, contribuir para a reprodução da espécie e evitar acidentes com a população. Outra preocupação das autoridades foi com relação ao risco de caça, que é crime. A Polícia Militar de Meio Ambiente também realizou rondas diariamente pela região. Menos de 300 onças-pintadas vivem em em Mata Atlântica.
Com a captura e transferência da onça, o Jardim Botânico da UFJF será reaberto à população.