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Julho deve ser o mês mais quente da história, indicam dados do serviço europeu Copernicus

Julho já teve quebras seguidas de recordes diários de calor. Efeitos são sentidos com altas temperaturas na Europa

27 jul 2023 - 14h01
(atualizado às 15h07)
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O Copernicus, serviço de observação ligado ao programa espacial da União Europeia, informou nesta quinta-feira, 27, que os dados das primeiras semanas deste mês indicam que este será o mês mais quente já apontado nos registros históricos.

"A temperatura média global excedeu temporariamente o limite de 1,5ºC acima do nível pré-industrial durante a primeira e a terceira semana do mês", informou o comunicado.

De acordo com os dados, as temperaturas altas estão relacionadas às ondas de calor na América do Norte, na Ásia e na Europa, que, juntamente com os incêndios florestais em países como Canadá e Grécia, tiveram impactos severos na saúde da população, no meio ambiente e na economia.

No início do mês, entre os dias 5 e 7 de julho, foram quebrados, sucessivamente, três recordes de temperatura média global do dia mais quente já registrado.

Um outro trabalho divulgado nesta quinta-feira pela Universidade de Leipzig, na Alemanha, chegou a uma conclusão semelhante: a temperatura média global deste mês deve ficar de 1,3ºC a 1,7ºC acima da temperatura média para julho. Isso significa que a temperatura seria 0,2ºC mais quente do que em julho de 2019, quando foi alcançado o recorde atual. Os dados são do cientista climático Karsten Haustein.

"Não se consegue respirar, o calor é insuportável", afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, ao comentar os dados do serviço europeu Copernicus divulgados nesta quinta-feira. "O nível das receitas a partir dos combustíveis e a inação climática é inaceitável. Os líderes têm de liderar."

Guterres frisou que "não há mais desculpas". "Não podemos continuar esperando que outros façam algo primeiro", disse, na sede da ONU, em Nova York. "Já não há tempo para isso."

O secretário-geral lembrou ainda que é possível evitar a elevação média da temperatura global em 1,5ºC (que é considerado o limite máximo para termos mudanças climáticas dentro do aceitável). "Mas apenas com ação imediata e dramática", frisou.

"Os líderes e países do G20, responsáveis por 80% das emissões globais, têm que dar um passo a favor da ação climática", aconselhou. "Todos os atores têm de se juntar para acelerar uma transição justa e equitativa dos combustíveis fósseis por energias renováveis. Temos de ter os objetivos alinhados com o limite do aumento em 1,5ºC."

Por sua vez, o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, observou que "a necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa é mais urgente do que nunca".

"O clima extremo que afetou milhões de pessoas em julho é, infelizmente, a dura realidade das alterações climáticas e uma amostra do futuro", afirmou Taalas.

A OMM estima em 98% a probabilidade de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado na história e em 66% a probabilidade de as temperaturas globais ultrapassarem 1,5ºC acima da média verificada entre 1850 e 1900.

Na semana passada, o climatologista chefe da Agência Espacial Americana, a Nasa, Gavin Schmidt, também já havia dito que julho estava em vias de bater o recorde do mês mais quente já registrado não só desde o início dos registros mas também "em centenas, se não milhares de anos".

Schmidt frisou que a situação não se deve apenas ao El Niño - o fenômeno climático sazonal de aquecimento das águas do Oceano Pacífico que leva a uma elevação global das temperaturas -, mas porque "continuamos a lançar gases-estufa na atmosfera".

Estadão
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