Ministro do Meio Ambiente bloqueia ONGs ambientais nas redes
Perfis do Observatório do Clima e de coordenador do Greenpeace foram bloqueados por Ricardo Salles
Não haverá espaço para organizações ambientais dentro do Ministério do Meio Ambiente, pelo menos no espaço digital que o ministro da pasta, Ricardo Salles, tem utilizado para divulgar suas informações. Salles tem bloqueado ONGs ambientais e pessoas ligadas a essas instituições em sua conta do Twitter.
O Observatório do Clima, rede que reúne entidades da sociedade civil para discutir temas ligados às mudanças climáticas no Brasil, teve a sua conta bloqueada pelo perfil do Twitter administrado pelo próprio ministro. O coordenador de campanhas do Greenpeace, Nilo D'Avila, também recebeu uma mensagem de bloqueio de Salles.
A conta do ministro no Twitter está ativa desde março de 2018 e possui atualmente 45,6 mil seguidores. Questionado pela reportagem se efetivamente fez o bloqueio dessas contas e por que, o ministro confirmou a informação. "Sobre (o bloqueio de) pessoas físicas, não sei te dizer (se estão ligadas a ONGs), pois quem escreve ofensas eu bloqueio, mas o perfil desse Observatório (do Clima), sim, eu bloqueei, porque a turma estava tumultuando, ao invés de debater", declarou.
Por meio de nota, o Observatório do Clima declarou que existe há quase 17 anos e que seu papel "sempre foi o de acompanhar criticamente as ações dos governos na área ambiental - daí o nome". A ONG, que produz dados atualizados anualmente sobre emissões de gases de efeito estufa do Brasil, afirmou que tem ajudado a mapear o uso da terra no País para qualificar o debate sobre o assunto. "Desde que assumiu, Ricardo Salles tem dado uma série de declarações que contradizem os fatos, e o Observatório do Clima passou a fazer checagens dessas declarações. Talvez o escrutínio tenha incomodado o ministro."
A exemplo do presidente Jair Bolsonaro, o ministro do MMA tem utilizado a rede social para divulgar fotos e informações sobre seu governo. Foi pelo Twitter, por exemplo, que Salles divulgou que iria analisar um contrato de "quase 30 milhões de reais em aluguel de carros, só para o IBAMA....", mensagem que foi compartilhada em comentada por Bolsonaro.
As divulgações precipitaram a saída do Ibama da então presidente do órgão, Suely Araújo, que acusou o ministro de desconhecer o setor e apontou que o contrato, aprovado pelo Tribunal de Contas da União, foi o mais barato firmado pelo instituto. Depois da repercussão, Salles afirmou que não havia apontado nenhuma irregularidade, mas que iria analisar o contrato.