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Nasa confirma julho como mês mais quente da história; qual é a previsão para 2024?

Conforme a agência, os efeitos deste aquecimento global se traduzem em ondas de calor e chuvas mais intensas e contribuem para o crescimento de incêndios florestais

16 ago 2023 - 11h21
(atualizado às 16h31)
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Este mapa mostra anomalias de temperatura global para julho de 2023, de acordo com a análise de cientistas
Este mapa mostra anomalias de temperatura global para julho de 2023, de acordo com a análise de cientistas
Foto: Nasa’s Goddard Institute for Space Studies

Cientistas da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) confirmaram na segunda-feira, 14, que julho foi o mês mais quente desde que as medições globais foram feitas. Na ocasião, eles também alertaram que 2024 será um ano ainda mais quente do que está sendo 2023.

"O que estamos vendo aqui é anômalo e está acima da tendência esperada. Prevemos que 2023 não será apenas excepcionalmente quente, mas 2024 será ainda mais quente", disse, durante uma conferência, Gavin Schmidt, diretor do Goddard Institute for Space Studies, um instituto de estudos espaciais da Nasa.

Segundo cálculos da Nasa, julho de 2023 foi 0,24 ºC mais quente do que qualquer outro mês recorde de julho e foi 1,18 ºC mais quente do que a média de julho entre 1951 e 1980.

Os cinco meses de julho mais quentes desde 1880 foram registrados todos nos últimos cinco anos, conforme a agência. O recorde anterior era de julho de 2019.

As consequências do fenômeno meteorológico El Niño fazem parte da causa deste aumento, observou Schmidt, embora seus possíveis efeitos ainda não foram totalmente vistos neste ano. "São esperados um evento maior no fim do ano. E o maior impacto do fenômeno ocorrerá em 2024?, afirmou ele.

Além disso, Schmidt disse que outras coisas estão acontecendo, além do El Niño. "Com temperaturas extremas no Atlântico Norte e em outros partes e uma persistência de anomalias na temperatura da superfície do mar."

Registro de mais incêndios

Conforme a Nasa, os efeitos deste aquecimento global se traduzem em ondas de calor e chuvas mais intensas e contribuem para o crescimento de incêndios florestais em áreas afetadas por altas temperaturas.

Algumas consequências que estão sendo vistas, por exemplo, nos recentes incêndios no Havaí, que se tornaram os mais mortais do último século nos Estados Unidos, com centenas de vítimas na ilha de Maui.

"Os rastros da tempestade estão se movendo em direção ao norte com as alterações climáticas. O Havaí vem recebendo, em geral, menos precipitação, década após década, por isso, há efeitos a longo prazo que estão contribuindo", disse Schmidt.

Assim, a crise climática é uma espécie de multiplicador de ameaças aos incêndios florestais. "Há uma tendência geral que veremos cada vez mais em direção a incêndios florestais maiores e mais intensos."

Na conferência também estiveram presentes vários cientistas da Nasa e do Escritório Nacional de Administração Oceânica e Atmosférica, como Sarah Kapnick, que lembrou a necessidade de se reduzir os gases de efeito estufa.

Os oceanos estão mais aquecidos

Outra consequência do aquecimento global é o aumento da temperatura do oceano, lembrou Carlos Del Castillo, chefe do Laboratório de Ecologia Oceânica no Nasa's Goddard Space Flight Center (Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, em livre tradução).

"O que acontece no mar não fica no mar. As águas dos oceanos são muito mais quentes e isso faz com que mais água quente vá para a atmosfera, algo que intensifica as tempestades e cria furacões", explica Del Castillo.

A temperatura do mar pode mesmo contribuir para que haja tempestades de neve muito mais fortes. "Tudo tem a ver com a quantidade de energia que há no sistema", detalha ele.

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E, no final, o que deixa o aumento da temperatura no oceano é um prejuízo geral para a economia do planeta, não apenas em termos de alimentação, mas de comércio, com rotas áreas marítimas afetadas por mais tempestades.

Alguns efeitos econômicos também afetarão milhões de pessoas que vivem ao longo da costa. "Tempestades e furacões afetarão a infraestrutura costeira e haverá mais inundações", estimou Del Castillo.

Em seus anos como cientista, Del Castillo acrescentou que ele passou de se preocupar com o mundo que deixaria para os bisnetos e tataranetos e passou a se preocupar com o mundo que está deixando para sua filha.

"Nossa geração não passará no teste da história porque a informação está clara há muito tempo e estamos há décadas falando sobre este tema. A informação foi disponibilizada, as tecnologias estão disponíveis, mas temos sido muito lentos em dar uma resposta" alertou ele. /EFE

Estadão
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