Negociador climático chinês admite que poluição do ar é problema-chave
O governo assegurou que os níveis de contaminação diminuirão se o consumo de carvão também diminuir
O chefe da delegação da China nas negociações internacionais sobre o clima admitiu nesta terça-feira que a contaminação do ar em seu país - um dos maiores emissores de dióxido de carbono do mundo - está afetando os cidadãos.
"A China sofre realmente com a forte contaminação do ar", admitiu Xie Zhenhua, vice-presidente da Comissão Nacional para o Desenvolvimento e a Reforma, a máxima instituição de planejamento econômico do país.
A contaminação do ar "se tornou uma norma que está afetando gravemente a saúde mental e física dos chineses", acrescentou, afirmando que espera uma melhora da situação na próxima década.
Xie, que falou à imprensa por ocasião das negociações sobre o clima realizadas na próxima semana na Polônia, atribuiu os problemas de contaminação em seu país ao "modelo de desenvolvimento obsoleto" do país, à "sua estrutura industrial e energética pouco razoável" e ao lançamento generalizado de despejos contaminantes que algumas empresas realizam. A raiz do problema, explicou, é o "uso de combustíveis fósseis".
A contaminação está se tornando um foco crescente de descontentamento na China. As autoridades se comprometeram a reduzir em 25% a emissão de poluentes na atmosfera para 2017 em Pequim e em outras grandes cidades e melhorar a qualidade do ar que os cidadãos respiram.
O governo assegurou que os níveis de contaminação diminuirão se o consumo de carvão, uma das principais fontes energéticas do gigante asiático, também diminuir. A China é o maior consumidor de carvão do mundo e espera-se que no ano que vem responda por mais da metade da demanda.
As grandes metrópoles chinesas têm sido afetadas por uma forte contaminação nos últimos anos, devido, em grande parte, às emissões produzidas pela combustão do carvão nas usinas energéticas. Os níveis de partículas conhecidas como PM2.5 são este ano 40 vezes superiores ao limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A contaminação, que tende a piorar no inverno, também se deve à rápida urbanização, ao forte desenvolvimento econômico e a fatores climáticos.
A má qualidade do ar tem sujado a imagem das cidades chinesas, entre outras Pequim, a capital, que registrou uma queda de 15% no número de turistas durante a primeira metade deste ano.
A contaminação do ar provocou 1,2 milhão de mortes prematuras no país mais populoso do mundo, segundo um instituto especializado em temas de saúde americano.
A imprensa noticiou nesta terça-feira que uma menina de 8 anos, diagnosticada com câncer de pulmão, é a vítima mais jovem da contaminação. No mês passado, a cidade de Harbin registrou uma espessa camada de contaminação durante vários dias, que causou o fechamento de colégios, enquanto o aeroporto e o tráfego foram perturbados pela falta de visibilidade.
Na semana que vem, Varsóvia sediará a conferência internacional sobre mudanças climáticas, com vistas a limpar o terreno para a assinatura de um acordo em 2015 no âmbito da ONU para reduzir as emissões de gases causadores de efeito estufa.