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Hotelaria nacional quer adotar reaproveitamento de alimentos

24 fev 2013 - 17h32
(atualizado às 17h32)
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Em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) pretende promover neste ano 10 seminários para tratar da reeducação alimentar e do aproveitamento dos alimentos no setor. No ano passado, a entidade promoveu três workshops com a mesma finalidade. A informação é do o presidente da Abih nacional, Enrico Fermi.

Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que cerca de 40% dos alimentos, da produção ao consumo, são desperdiçados no País. "Daria para sustentar uma Argentina". Segundo ele, o trabalho de conscientização da hotelaria começou no ano passado e ganhou força com o lançamento da campanha global da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o desperdício de alimentos. Dados da ONU revelam que mais de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas no mundo a cada ano.

Dois programas resultantes da parceria da Abih com o Sesi são divulgados para a hotelaria nacional: o Cozinha Brasil, de reaproveitamento de alimentos; e o Vira Vida, que tira jovens da linha da marginalidade, promove sua capacitação e os emprega na cadeia hoteleira.

Com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a associação divulga para o setor os produtos gerados pela agricultura familiar, reduzindo os prejuízos causados pelos atravessadores. "Quando cai na mão do atravessador, o pequeno produtor fica somente com 15% do preço final. A hotelaria está comprando direto através do site do ministério".

No dia 19 de março, a Abih organizará o primeiro workshop deste ano dentro do programa de combate ao desperdício de alimentos, em João Pessoa (PB). Os próximos locais e datas serão definidos pela entidade em conjunto com o Sesi e o MDA.

Para Enrico Fermi, a campanha da ONU vem em um momento oportuno. Ele lembrou que a sustentabilidade é montada em um tripé: ambiental, social e econômico. A entidade quer capacitar todos os chefes de cozinha da rede filiada para a reciclagem de alimentos.

A ideia, informou, é conseguir "não mais de 10%" de desperdício, que hoje é da ordem de 30% na hotelaria brasileira. Ele ressaltou, entretanto, que grande parte dessa perda não ocorre dentro dos hotéis, mas na área de transporte e de infraestrutura. "Dentro dos nossos estabelecimentos, a gente quer reduzir em 30% logo no primeiro momento. Depois, em um processo de educação, a gente quer conseguir avançar com isso".

No Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio) a campanha da ONU está sendo vista 'como um dos grandes assuntos do momento, do setor', segundo informou à Agência Brasil o presidente da entidade, Pedro de Lamare. Ele acabou de chegar de Lyon, na França, onde participou de uma feira mundial cujo tema principal era a gastronomia sustentável e o combate ao desperdício.

"Acho que cada empresa está fazendo a sua parte. E a ideia é que a gente (SindRio) comece a coordenar esse trabalho". No final do ano passado, o SindRio criou a diretoria de Sustentabilidade, que vai tratar mais diretamente do tema do desperdício de alimentos.

Para ele, a busca da sustentabilidade é uma tendência global, acentuou. "Não tenho dúvidas que esse é um caminho irreversível. E até de uma maneira mais extensa". O assunto, enfatizou, tem a ver com a questão da agricultura intensiva, do esgotamento do solo, da origem dos alimentos. "É um trabalho conjunto, de um ciclo todo que a gente tem que analisar".

Agência Brasil Agência Brasil
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