No Dia dos Oceanos, ainda não há decisão quanto à proteção dos mares
Tratado para proteger a biodiversidade marinha apresentado no ano passado na Conferência Rio+20 ainda não saiu do papel. Brasil, Argentina e UE lutam para ideia de um oceano mais protegido não morrer na praia
Este ano, o lema do Dia Mundial dos Oceanos, comemorado neste sábado, é "Juntos temos o poder para proteger os oceanos". Só que o otimismo dos ambientalistas quanto às chances de avanços concretos para um acordo internacional capaz de garantir a implementação de uma rede de áreas marinhas protegidas em águas internacionais está perdendo força.
Oitenta por cento das espécies marinhas são exploradas em excesso ou colapsadas. Apenas 20% das espécies estão em níveis saudáveis". Estes são dados revelados por Milko Schvartzman, coordenador da Campanha dos Oceanos na América Latina, do Greenpeace. Os números mostram a urgência de se fazer algo pela biodiversidade marinha. Mas até agora o acordo apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) em 2012 não saiu do papel.
Segundo o coordenador, a proposta oferecida em junho do ano passado foi discutida mais uma vez na última terça-feira. "A discussão entre as potências envolvidas na decisão, se a ONU deve ou não colocar o acordo em vigor, seguiu madrugada adentro. O Brasil, a Argentina e a União Europeia foram as que mais lutaram a favor da proteção da biodiversidade nos oceanos."
Os resultados positivos ainda não apareceram, pelo menos com relação às 10 propostas apresentadas na reunião do ano passado. Entre os pontos de maior prioridade da lista estão a proteção de áreas marinhas e os recursos genéticos marinhos.
Schvartzman disse que 100 países em desenvolvimento não estavam encontrando consenso por causa do parágrafo 164 do acordo, que diz que a ONU é responsável pela decisão final para que a proposta seja posta em prática. "Os governos estão dando um prazo de dois anos para que a ONU tome uma decisão. Mas nós estamos confiantes que o acordo seja aceito no próximo ano." Entre os países que mais lutam contra a biodiversidade em águas internacionais estão os Estados Unidos, Venezuela, Japão, Canadá, Rússia e Noruega.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), as perdas devido à sobrepesca atingem cerca de US$ 50 bilhões por ano. O estudo concluiu que para diminuir esta perda é preciso administrar melhor a exploração dos oceanos. "Isso provocaria muitos impactos positivos tanto econômicos, quanto sociais", afirmou Schvartzman.
Onde mora a solução
A criação de áreas marinhas protegidas seria o melhor caminho para a preservação, recuperação e manutenção dos oceanos, na sua função de reguladores do clima do planeta, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Desta forma, regiões abririam espaço e tempo para que a natureza se recuperasse das mudanças bruscas pelas quais tem passado. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os oceanos são a maior fonte de proteína do mundo, mas apenas 1% do seu total é protegido.
Mesmo que o Dia Mundial dos Oceanos ainda não possa ser comemorado com notícias positivas de parte dos responsáveis por um futuro seguro para as espécies oceânicas mundiais, Schvartzman não considera o tratado um caso perdido. Ele fez um apelo ao Brasil, que está entre os países que mais lutam para que "todos possam tirar proveito do que os oceanos têm a oferecer, mas de modo justo".
Segundo ele, "o Brasil é a peça-chave para que o acordo entre em vigor. O país deve manter seu compromisso, proposto na Rio+20. O Greenpeace pede ao governo brasileiro para continuar firme em defesa do nosso planeta".
Dia dos Oceanos: veja imagens incríveis dos nossos mares
O tubarão-peregrino costuma ter cerca de 10 metros (registros indicam animais que passam dos 12 metros) e chama a atenção por sua enorme boca. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, ele se alimenta basicamente de zooplâncton, ovas e pequenos peixes. Veja a seguir, outras incríveis imagens dos nossos mares
Foto: The Grosby Group
Peixes que comem parasitas são os únicos "amigos" dos tubarões
Foto: The Grosby Group
Um raro peixe-remo foi registrado na praia de Hacienda, Cabo San Lucas, no México. Segundo o site do jornal Daily Mail, o animal tinha quase 7 metros de comprimento. Pessoas que estavam na praia tentaram levar o peixe de volta para a o mar, sem sucesso. Segundo um blog que fez o registro das imagens, a proteção ambiental do país levou o animal embora, e cientistas vão estudar o espécime
Foto: Reprodução
O peixe-remo chama a atenção pelo tamanho e o formato. Este da imagem foi capturado pela marinha americana em 1996, segundo a própria corporação
Foto: Divulgação
Em geral, o peixe-remo é um mistério para os cientistas. Contudo, acredita-se que vive em águas profundas e se alimente de plâncton, pequenos crustáceos e lulas. Credita-se a ele boa parte dos relatos de "monstros" marinhos feitos por pescadores. Curiosamente, segundo o Museu de História Natural da Flórida (EUA), sua carne é considerada gelatinosa e não comestível. Não está ameaçado de extinção
Foto: FishingVideos / Divulgação
Cliff Russell tirava fotos de seu filho Nat, 14 anos, praticando bodyboard quando um grupo de 20 golfinhos mostrou para eles como é que se pega uma onda, na Austrália
Foto: The Grosby Group
O tubarão-cobra (Chlamydoselachus anguineus) vive em águas profundas e raramente é visto em regiões mais rasas. Acredita-se que tenha entre 1 metro e 1,5 metro em média
Foto: OpenCage / Divulgação
Este da imagem foi registrado no Japão. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), pouco se sabe sobre a espécie, mas acredita que seja um predador ativo em águas profundas
Foto: Getty Images
O Hemitripterus bolini é um peixe que pode ser encontrado nas águas geladas do hemisfério norte. Este foi capturado no Alasca
Foto: AFSC/NOAA / Divulgação
Mergulhadores registraram na Austrália a luta entre uma foca e um polvo. O mamífero se deu melhor na disputa
Foto: The Grosby Group
Esta criatura gelatinosa que parece uma face é chamada de peixe-bolha (Psychrolutes marcidus). Ele vive em grandes profundidades oceânicas
Foto: AFSC/NOAA / Divulgação
Este verme gigante foi encontrado em um aquário no Reino Unido. Funcionários acharam o animal de 1,2 metro por acaso embaixo de algumas pedras. Leia mais
Foto: Blue Reef Aquarium Newquay / BBC Brasil
O fotógrafo americano Octavio Aburto levou três anos para conseguir fazer esta imagem, na qual um cardume parece posar para uma foto. O mergulhador na imagem é David Castro, que trabalha no Parque Nacional Cabo Pulmo, no México
Foto: The Grosby Group
A espécie é chamada de Eunice aphroditois e pode ser encontrada em vários mares, do Caribe à Nova Zelândia
Foto: Jenny / Divulgação
O Atractosteus spatula é encontrado principalmente nos Estados Unidos e México. Segundo o Museu de História Natural da Flórida, esse peixe com cara de jacaré pode alcançar até 3 metro
Foto: LA Dawson / Divulgação
Existem muitas criaturas estranhas nos oceanos. As diversas espécies de pepino-do-mar estão entre elas
Foto: Nhobgood / Divulgação
O caranguejo da espécie Macrocheira kaempferi é o maior conhecido. Ele pode ser encontrado nos mares do Japão
Foto: AFP
Segundo especialistas, esse animal vive nas profundezas e as pernas podem chegar a 4 metros de comprimento
Foto: AFP
Este "unicórnio do mar" é na verdade chamado de narwhal. Eles têm apenas dois dentes e, nos machos, um deles cresce e fica parecendo um chifre
Foto: Glenn Williams/National Institute of Standards and Technology / Divulgação
Esse mamífero vive nos mares gelados do norte do planeta e, curiosamente, acredita-se que fica mais ativo no inverno
Foto: Ansgar Walk / Divulgação
Nova espécie de peixe-sapo foi fotografada no fundo do mar durante uma expedição na Austrália em 2010
Foto: AFP
Peixe lophiiforme foi observado a mais de 1 quilômetro de profundidade durante a mesma expedição
Foto: AFP
Segundo os cientistas, foram observados animais poucos vistos e descobertos muitos outros, como este estranho peixe
Foto: Divulgação
Uma das câmeras registrou imagens a 1,4 mil metros de profundidade no coral Osprey
Foto: Divulgação
O Histiophryne psychedelica foi descoberto em 2009 e parece exatamente o que o nome diz, um corpo com uma "pintura" psicodélica
Foto: AP
Com bico de pato e um ferrão com um poderoso veneno, o ornitorrinco também é um mamífero que põe ovos
Foto: AFP
O dragão-marinho-folheado (Phycodurus eques) usa uma camuflagem incomum e faz justiça ao nome
Foto: Derek Ramsey / Divulgação
O peixe-drácula (Danionella dracula), descoberto em um pequeno rio de Mianmar, mede apenas 1,7 centímetros e tem dentes que lembram os de um vampiro
Foto: BBC Brasil
Peixe-dragão tem dentes até na língua. O animal parece terrível, mas tem apenas o tamanho de uma banana
Foto: Divulgação
O caranguejo yeti recebeu esse nome por causa da aparência peluda. O animal pertence a uma nova família descoberta durante o censo. Este espécime foi coletado a 2.228 m de profundidade
Foto: Divulgação
O sangue do peixe de gelo da Antártida é adaptado para não congelar em baixas temperaturas, por isso, não tem hemoglobina nem células vermelhas que dão cor ao sangue. Na mesma imagem, podem ser vistas estrelas-do-mar amarelas
Foto: Divulgação
Esta bizarra criatura foi registrada durante uma expedição científica na região de Sangihe Talaud, na Indonésia
Foto: AP
Brutus Ostling chamou a atenção desta gaivota com um pedaço de pão e conseguiu fazer esse registro, na Noruega
Foto: The Grosby Group
Um fotógrafo flagrou o momento em que um tubarão-baleia (Rhincodon typus) tenta "roubar" a pesca de um barco na Indonésia. Segundo a agência Grosby, o gigantesco tubarão aprendeu a reconhecer os barcos dos pescadores e segue eles pelo mar. No final, os pescadores geralmente acabam com uma rede rasgada e vazia
Foto: The Grosby Group
"Eles tentam distrair os tubarões jogando iscas, mas não adianta muito, já que eles estão atrás da grande pesca", diz o fotógrafo Michael Aw, que fez o registro na baía Cenderawasih. "Estar na água e testemunhar isso foi incrível, com eles nadando bem na minha frente e vendo como eles devoram a presa"
Foto: The Grosby Group
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o tubarão-baleia é conhecido por comer zooplancton e minúsculos crustáceos, mas a espécie também se alimenta de peixes de cardume e também há registro desses animais ingerirem pequenos atuns e lulas
Foto: The Grosby Group
Imagem do Santuário da Vida Marinha de Hunstanton, no Reino Unido, mostra um ovo de tubarão fecundado
Foto: The Grosby Group
"Quando nós jogamos luz para checar, nós surpresos e encantados ao ver o embrião", diz Kirsty Sopp, funcionária do local
Foto: The Grosby Group
Os especialistas do santuário acreditam que a fêmea manteve guardado o esperma durante seis meses antes de fecundar os ovos, já que ele ficou um longo tempo sem contato com machos
Foto: The Grosby Group
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), a espécie Chiloscyllium punctatum é considerada "quase ameaçada" de extinção. Pode ser encontrada em recifes de coral e os adultos chagam a, em média, 118 centímetros de comprimento
Foto: The Grosby Group
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